Público - 16 Dez 04
Exames do
9º Contam Menos para a Nota no Ano de Estreia
Por ISABEL
LEIRIA
A título
excepcional e por ser a primeira vez que os alunos do 9º ano vão ser
submetidos a exames nacionais, nas disciplinas de Língua Portuguesa
e Matemática, o Ministério da Educação (ME) decidiu que estes
testes, marcados para Junho de 2005, vão valer apenas 25 por cento
no cálculo da nota final. A nota interna atribuída no 3º período
conta os restantes 75 por cento.
Esta é uma das
medidas transitórias que foram acrescentadas ao projecto de despacho
normativo que regula a avaliação dos alunos do ensino básico. A
versão final está concluída e disponível no "site" do ME
(www.min-edu.pt). De acordo com o diploma, será só a partir de
2005/2006 que os exames nacionais passam então a contar os 30 por
cento inicialmente previstos.
A tutela
decidiu ainda que, novamente a título excepcional, os testes incidem
apenas sobre a matéria do 9º. Nos anos seguintes, versarão as
"aprendizagens e competências do 3º ciclo [7º, 8º e 9º anos]".
"Todos os
primeiros anos de aplicação de medidas deste tipo trazem alguns
problemas de funcionamento e por isso optámos por estas medidas
transitórias", explica o secretário de Estado da Educação, Diogo
Feio.
Outra das
mudanças em relação à proposta que esteve em consulta pública foi a
explicitação de condições de admissão a exame.
Essencialmente, os estudantes que não podem fazer estas provas são
aqueles que, pelas regras da avaliação, já estão chumbados. Por
contarem três negativas ou terem ultrapassado o limite de faltas,
por exemplo (ver caixa). Ou então por terem no 3º período nota 1 a
Português e a Matemática e já não ser possível a sua recuperação:
mesmo que consigam 5 nos respectivos exames nacionais, aplicando a
fórmula de cálculo da nota final, não conseguem chegar à positiva.
Para além dos
exames, o diploma da avaliação mantém a realização de "provas
globais ou trabalhos finais", no final da escolaridade obrigatória e
"em cada disciplina ou área disciplinar". Estão naturalmente
excluídas a Matemática e a Língua Portuguesa. A classificação obtida
nestes testes conta 25 por cento para a nota final.
Aluno de 3
passa
com 1 valor no
exame
Como a
importância dos exames nacionais baixa e as notas no ensino básico
se expressam numa escala de 1 a 5 valores, arrendondada às unidades,
dificilmente um aluno razoável a quem aconteça um percalço no teste
chumba a essa disciplina.
Um exemplo: um
estudante a quem o professor tiver dado 3 valores no 3º período,
mesmo que não consiga mais do que 1 no exame nacional, obtém uma
classificação final de 2,5 valores. Ou seja, arredondando à unidade,
3 valores.
Inversamente,
os jovens que apresentarem problemas ao longo do ano lectivo terão
maiores dificuldades em recuperar. Quem tiver tido 2 valores no 3º
período tem de se esmerar e obter um 4 na prova nacional para
conseguir positiva.
A este
propósito, o secretário de Estado da Educação sublinha que a
realização de exames nacionais não só é "um elemento importante de
avaliação dos alunos" como também tem por objectivo "aferir o
próprio sistema educativo".
Sobre os
atrasos verificados no arranque do ano lectivo, decorrente do
confuso concurso de professores, e o impacto negativo que possam ter
no cumprimento dos programas, Diogo Feio garante que o diagnóstico
junto das escolas está feito. "A primeira fase está concluída.
Determinámos se existiam atrasos e vamos agora ver quais as
soluções".
Recorde-se
que, apesar do anúncio por parte da tutela de medidas excepcionais
de apoio, em particular aos alunos do 9º ano e às disciplinas
sujeitas a exame nacional, pais e professores pediram o adiamento da
estreia dos testes, argumentando que os alunos não estariam em
condições de igualdade.
O ME entendeu
que os atrasos são ultrapassáveis e promete para o próximo mês a
divulgação da regulamentação e matriz dos exames.
[anterior] |