Público - 2 Fev 04

Desconforto Junto de Bebés e Mulheres Grávidas
Por B.W.

Depois de ter sido acompanhada por um amigo ou familiar no dia em que interrompe voluntariamente a gravidez, a mulher fica só e jamais confessa o que sente àquela pessoa que testemunhou aquele momento. Por vezes até se afasta desse familiar ou amigo, referem os responsáveis das associações pró-vida que o PÚBLICO contactou.

O que é que a mulher sente, depois de fazer um aborto? "Sente que não pode confessar a ninguém que tem dúvidas, porque foi forte quando tomou a decisão de abortar", responde Graça Mira Delgado, do Movimento Defesa da Vida (MDV).

Por isso isola-se e não fala sobre o assunto. Mas, a curto prazo, os sintomas desse isolamento começam a fazer-se sentir. Segundo o "site" dos retiros da "Vinha de Raquel", www.rachelsvineyard.org, os principais sintomas pós-aborto são: depressão, ataques de choro, incapacidade de se perdoar a si própria, enorme tristeza, raiva, desordens alimentares, ataques de ansiedade ou de pânico, distúrbios durante o sono, desconforto junto de bebés ou de mulheres grávidas.

O aborto pode ter "efeitos colaterais" na vida das mulheres, muitas vezes causando problemas familiares, acrescenta Claudia Muller, da "Vinha de Raquel".

Por vezes não são só as mulheres que sofrem depois da interrupção voluntária da gravidez. Também os tais familiares que a acompanharam e a ajudaram a decidir têm distúrbios semelhantes. "X tem 21 anos e a namorada fez um aborto há dois. Sente-se culpado por ter ajudado a matar o filho. Pensa muitas vezes na criança. Deu-lhe um nome. Fala com o filho não nascido e pede-lhe desculpa", relata Alexandra Tété, da associação Mulheres em Acção.

[anterior]