Público - 20 Jan 04

Portugal Tem a Mais Baixa Taxa de Licenciados em Ciências da UE
Por ISABEL LEIRIA

Apenas 5,1 por cento dos 61 mil licenciados que se diplomaram em Portugal em 2001 completaram cursos de ciências. Esta e a da Holanda (5,2 por cento) constituem as duas percentagens mais baixas registadas na União Europeia (UE).

A média dos Quinze cifrou-se em 11,1 por cento, num total de quase dois milhões de novos licenciados, sendo que a Irlanda assume a liderança: um em cada cinco estudantes do ensino superior obteve um diploma nesta área. Seguiu-se a França, com 15,4 por cento.

Os números foram divulgados ontem pelo Eurostat, o gabinete estatístico da UE e traçam igualmente o cenário para os dez países que vão entrar este ano na Comunidade Europeia e para os três Estados ainda candidatos. A situação portuguesa está bem mais próxima deste grupo, onde as percentagens variam entre os 2,4 por cento da Hungria e os 11 por cento da República Checa. A média destes 13 países foi de 4,2 por cento.

Portugal, e também a Itália, distinguem-se ainda em relação aos seus parceiros comunitários por serem os únicos Estados-membros onde as raparigas estão em maioria (58,2 por cento e 54,5 por cento, respectivamente) no universo dos diplomados em ciências. Aliás, considerando o conjunto de licenciados em 2001, Portugal apresenta igualmente a maior proporção de licenciadas: dois em cada três estudantes que terminaram o curso nesse ano são raparigas.

O estudo do Eurostat olhou também para o cenário na área das engenharias. Para concluir que esta é uma área mais popular do que as ciências. À excepção da Irlanda e do Reino Unido, todos os países da UE e todos os novos membros contam com mais licenciados em cursos de engenharia: a média comunitária foi de 15 por cento; os Estados que produziram mais diplomados foram a Suécia, a Áustria e a Finlândia.

Curiosamente, tanto em relação à formação em ciências como em engenharias, a UE encontra-se em melhor posição do que os Estados Unidos. Ainda assim, os Governos precisam de continuar a atrair mais estudantes de forma a conseguir cumprir um dos objectivos definidos, no âmbito da Estratégia de Lisboa, para 2010 e que se traduz no aumento em 15 por cento do número de diplomados em Matemática, Ciência e Tecnologias.

Diminuir o desequilíbrio entre sexos é outra das metas já que, actualmente, existem na UE entre duas a quatro vezes mais homens do que mulheres nas áreas científicas e tecnológicas.

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