Público - 1
3 Jul 05
Ministra reconhece falhas
no ensino básico
A ministra da
Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, admitiu ontem, em Évora, "falhas"
nas condições para ensinar e aprender no ensino básico, prometendo um
programa de intervenção a partir do primeiro ciclo.
Num comentário aos resultados dos exames do 9.º ano, em que reprovaram
mais de dois terços dos alunos na prova de Matemática, a ministra
desresponsabilizou os alunos e professores, considerando haver
"problemas de condições de ensino e de aprendizagem", desde logo no
primeiro ciclo do ensino básico.
O Ministério da Educação anunciou segunda-feira que mais de dois terços
dos alunos que realizaram pela primeira vez o exame nacional de
Matemática do 9.º ano chumbaram na prova.
A Associação de Professores de Matemática (APM) considerou ontem que o
enunciado do exame nacional do 9.º ano à disciplina contribuiu para os
maus resultados dos alunos, por ter um grau de abstracção elevado e
fazer exigências "dispensáveis".
Num parecer sobre o enunciado do exame, os professores de Matemática
consideram, por exemplo, que a última questão da prova "exige um grau de
abstracção e formalização muito superior ao normalmente trabalhado no
9.º ano".
"Pensamos que uma parte dos resultados se deve à prova em si, que exigia
um grau de formalização elevado e tinha critérios de correcção demasiado
restritivos, além de alguns aspectos que podem ser demasiado exigentes",
disse à Lusa Manuela Pires, da direcção da associação.
Para a APM, o enunciado do exame pressupõe que os estudantes tenham
aprendido todo o programa da disciplina, "o que no presente ano lectivo
não foi fácil", uma vez que as aulas começaram com um atraso de cerca de
um mês em relação ao previsto, devido aos erros detectados no concurso
nacional de colocação de professores para 2004/2005.
Também as duas maiores federações sindicais de professores consideraram
ontem que os exames nacionais do 9.º ano foram mal preparados pelo
Ministério da Educação, o que contribuiu para os resultados negativos
obtidos a Matemática.
Para o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof),
Paulo Sucena, deviam ter sido tomadas medidas depois de conhecidos os
resultados das provas de aferição do 9.º ano realizadas no ano passado,
que revelaram que mais de metade das respostas dos estudantes na prova
de Matemática estavam erradas ou em branco. Lusa