Diário de Notícias
- 6
Jul 06
Responsabilidade
social
António Perez
Metelo
O Banco Popular acaba de anunciar a extensão a
Portugal de 12 medidas de conciliação da vida
profissional e familiar, já em prática nas suas
dependências em Espanha. A simples leitura delas
provoca admiração: licenças (não remuneradas) até um
ano para finalizar licenciaturas, mestrados e
doutoramentos ou com fins solidários ou para
processos de adopção no estrangeiro; licença até
três anos para assistência a familiares;
substituição das dispensas diárias para aleitação
por licença retribuída de 20 dias; licença
retribuída para mães com filhos com deficiência ,
até que completem um ano; adiantamento de vencimento
para adopções; apoio, com adopção de medidas
adaptadas a cada caso de violência doméstica; ajuda
económica de mil euros, anuais, para situações
familiares especiais, a receber durante todo o
período de duração dessas situações.
Em suma, a empresa assume um protagonismo social com
medidas, adaptadas a cada empregado, ajudando-o a
ultrapassar situações simultaneamente difíceis e da
maior importância para a sua vida privada. Não
causará surpresa constatar que os laços laborais
saem muito reforçados, que o Banco Popular exibe o
melhor rácio de eficiência de toda a banca ibérica e
que, com esta estratégia, se procura promover a
natalidade e a coesão familiar entre os
colaboradores daquele banco, conhecido pela
influência que a Opus Dei exerce sobre os seus
principais quadros dirigentes.
Como dizem os norte-americanos, é um caso no qual se
põe o dinheiro onde se põe a boca. Em Espanha, como
em Portugal, a taxa de natalidade anda pelas vascas
da amargura. Mais do que medidas públicas
transversais, as empresas com consciência social têm
uma palavra e uma acção decisivas para inverter esta
situação.
Mas convém lembrar que a regra neste país acaba de
ser ratificada em acórdão judicial, permitindo às
empresas descontar a operárias os minutos gastos na
ida à casa de banho! |