Público - 28 Jun 05Educação sexual compete
à família, dizem bispos
A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou ontem à tarde uma
Nota sobre a Educação da Sexualidade na qual sublinha, por
diversas ocasiões, que a educação sexual deve ser feita em
primeiro lugar pela família e que a escola só tem um papel
"subsidiário". "No campo da sexualidade, como noutros, compete à
família decidir as orientações educativas básicas que deseja
para os seus filhos, decorrentes dos seus valores, crenças e
quadro cultural", lê-se no texto da Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP).
Os bispos admitem que "a cooperação da família com a escola
potencia a aprendizagem dos alunos e promove um desenvolvimento
mais adequado". Mas, insistem, "os pais têm o direito e o dever
de educar os filhos, inclusive no referente à sexualidade". E
acrescentam: "O exercício desse direito-dever é anterior à
intervenção de outras instituições, para além da família,
designadamente a escola. Essa responsabilidade, inalienável e
insubstituível, envolve o período da vida dos filhos desde o
nascimento à idade adulta." Em outro passo, lê-se ainda na nota:
"As outras instituições nunca podem substituir os pais, mas
devem ajudá-los no cumprimento da sua missão educativa."
No documento, que se pode encontrar na íntegra em http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=20417,
a CEP alude à recente polémica a propósito dos manuais
escolares. Em causa, recorda a nota, está o documento Educação
Sexual em Meio Escolar: Linhas Orientadoras. "Os conteúdos e
ideias que se pretendem veicular, as metodologias propostas e a
bibliografia sugerida como base de trabalho, que serviram de
suporte àquelas iniciativas, colidem com a sensibilidade e as
convicções do público referido", critica o texto.
A nota acrescenta que "a educação da sexualidade não se resume a
mera informação sobre os mecanismos corporais e reprodutores,
(...) reduzindo a sexualidade à dimensão física possível de
controlar com vista à prevenção contra o contágio de doenças
sexualmente transmissíveis e o surgimento de gravidezes
indesejadas".
Uma tal abordagem "deturpa" a sexualidade, "isolando-a da
dimensão do amor e dos valores", e abre caminho à "ausência de
critérios éticos, e à aceitação, por igual, de múltiplas
manifestações da sexualidade, desde o auto-erotismo, à
homossexualidade e às relações corporais sem dimensão espiritual
porque o amor e o compromisso estão ausentes". A.M.