Jornal da Madeira - 26 Mai 04
Se não forem tomadas medidas de apoio, famílias têm poucos filhos
UE a “desaparecer”
Sérgio Marques, candidato da coligação Força Portugal às Eleições Europeias de 13 de Junho, recebeu ontem os responsáveis pela delegação na Região da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.
 

O candidato ao Parlamento Europeu, Sérgio Marques, que concorre a novo mandato na lista da coligação Força Portugal, recebeu ontem os responsáveis pela Delegação na Madeira da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.
À saída do encontro, o candidato referiu aos jornalistas estar preocupado com a situação da natalidade na Europa, que está a ficar grave, apesar de na Madeira os números ainda não serem preocupantes. “A Europa despovoa-se e envelhece, não sendo capaz de repor essa população”. Deu, então, o exemplo de Espanha, que dentro de 25 anos, terá perdido 9 milhões de habitantes, se continuar a existir esta tendência demográfica.
Mas tendo em conta que 75 por cento do crescimento demográfico da Europa faz-se com base na imigração e não baseada na natalidade, “os apoios a dar e as políticas de família, assumem uma importância crucial”, sobretudo quando se trata de famílias numerosas.
A família, recordou, é “uma célula fundamental na sociedade”, seja de transmissão de valores ou na solidariedade intergeracional, por isso, declarou o candidato, “tem de ser apoiada neste quadro demográfico”. Foi esse, exactamente, o mote do encontro ocorrido no Gabinete do Deputado Europeu, que abordou “as questões ligadas à fiscalidade”, como as cem medidas apresentadas recentemente pelo Governo da República para apoiar a família.
Por outro lado, Sérgio Marques identifica os problemas que as famílias enfrentam, pois “sabemos quão difícil é conciliar a vida pessoal com a profissional” e o seu impacto na natalidade, ainda que seja necessário realçar que actualmente a média de 1,2 filhos por família se deve a uma nova postura cultural e não tanto a dificuldades económicas.

Europa deveria vir no fim
Apesar de reconhecer que cada vez mais muilheres, hoje, trabalham e isso as inibi de ter mais filhos, como acontecia há três ou quatro décadas, a verdade é que os Estados-membros têm de evitar que a Europa “desapareça”, ironizou Sérgio Marques.
Mesmo assim, reconhece que todas estas preocupações devem ser tomadas em diversos níveis de decisão, como tem, de resto, acontecido em algumas autarquias, que praticam preços mais baixos na cobrança da água às famílias numerosas.
O eurodeputado refere, a esse propósito, que “temos também responsabilidades ao nível regional pela criação de medidas, ao nível nacional e, também, porque não, ao nível europeu”.
Este, no entanto, deveria ser, na sua opinião, o “nível menos indicado para adopção das medidas, que devem ser tomadas o mais próximo possível das pessoas” e a Europa deve ser poupada para “uma reflexão, um debate, as comparações entre os diversos países” para estimular uns estados a adoptar medidas de outros que sejam exemplos a seguir.


Cristina Costa e Silva

cristinasilva@jornaldamadeira.pt

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