Portugal Diário - 8 Mar 07

 

Beja contra mão-de-obra chinesa

Presidente do município quer que empresa estrangeira recorra a trabalhadores nacionais

O presidente do município de Beja admitiu, esta quinta-feira, denunciar o protocolo assinado com empresários chineses, depois de informações de que o pólo empresarial a criar na cidade conta com a importação de mão-de-obra chinesa.

«Não iremos admitir que uma empresa se instale em Beja só com mão-de-obra importada», disse Francisco Santos, em declarações à agência Lusa.

Apesar de considerar «evidente que uma empresa estrangeira que se instale em Beja, ou noutro sítio qualquer, terá mão-de-obra do país de origem», o autarca considerou «imprescindível uma componente importante de mão-de-obra nacional».

Francisco Santos reagia assim às declarações do presidente da Associação da Indústria e Comércio dos Chineses em Portugal (AICCP), que justificou a importação de mão-de-obra chinesa para o pólo empresarial a criar em Beja com as «dificuldades na contratação de operários têxteis portugueses».

Caso se confirmem as intenções dos empresários chineses em importar mão-de-obra chinesa, Francisco Santos admitiu ainda «denunciar, de imediato» o protocolo assinado com a AICCP, lembrando que, «como é evidente, no acordo, não há nada estabelecido em relação ao facto de a mão-de-obra ser preferencialmente chinesa».

Por seu lado, Y Ping Chow, novamente contactado pela Lusa, voltou a dizer que as empresas que se instalarem em Beja «vão recorrer a mão-de-obra chinesa».

«Os empresários vão querer trazer pessoal de trabalho e de gestão, pessoas que sabem, que gerem e que são de confiança dos investidores», disse, salientando que tal «não quer dizer que todos os trabalhadores serão chineses».

O dirigente associativo lamentou ainda «as críticas e o muito barulho» que se está a fazer «cedo demais» à volta do projecto previsto para Beja, que, sublinhou, «ainda está numa fase inicial».

Y Ping Chow voltou a salientar ainda que a AICCP vai «tentar criar as melhores condições de instalação das empresas, com baixos custos de produção e distribuição dos produtos, para atrair os empresários» interessados em instalar-se em Beja.

No entanto, frisou, «os empresários chineses vão cumprir as regras portuguesas e os trabalhadores chineses vão ter os mesmos direitos, deveres e benefícios dos trabalhadores portugueses».

A AICCP revelou recentemente querer criar, junto ao futuro aeroporto de Beja, um parque empresarial dotado de condições para se transformar numa plataforma logística para abastecimento e distribuição de produtos chineses destinados à Europa.

Além da plataforma logística, a AICCP pretende também instalar no parque, com uma extensão superior a 100 hectares, fábricas de produtos de empresas chinesas e que se destinam à comercialização no mercado europeu.

Para promover o projecto e atrair investimentos chineses e de outros países do Extremo Oriente, a autarquia de Beja assinou, em Fevereiro, um protocolo de colaboração com a AICCP, que inclui também, como parceiros, a Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral (AEBAL) e a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB).

Na altura, segundo noticiou a Lusa, Y Ping Chow adiantou que há pequenas e médias empresas chinesas interessadas em instalar-se em Beja, sobretudo fábricas do sector têxtil e de vestuário, que irão recorrer a mão-de-obra chinesa.