Destak -
30 Out
08
Madonna luta contra nova lei do Divórcio
Isabel Stilwell
Madonna e Guy Richy não leram a nossa nova lei do
Divórcio. Ou então foram contratados para fazer
campanha contra, fazendo ouvidos moucos aos apelos
de que os casais ponham os filhos à frente dos seus
diferendos pessoais, privilegiem um regime de guarda
conjunta, não se esqueçam que se separam do
marido/mulher e não das crianças, não encarem o
divórcio como uma forma de enriquecimento pessoal,
etc e tal.
Desconfio que há para aí muita gente a esfregar as
mãos de contente: se esta gente cheia de
conselheiros, managers e advogados não consegue
respeitar-se mutuamente, como há de a gentinha (nós,
portanto), fazer melhor.
Se afinal, apesar do «guito» e de serem «pessoas
famosas», ela grita que vai levar as crianças para
Nova Iorque, enquanto ele jura que usará de todas as
armas para que fiquem consigo em Londres, bramindo
notas para comprar ao outro o poder paternal sobre
os miúdos, como há de o casal ali de Gaia ou da
Reboleira ser capaz de gerir um poder paternal
conjunto?
Quanto à questão da culpa, não está na cara que o
divórcio é sempre um lavar de roupa suja, dizem a
esta hora os que votaram contra. Basta ler as
parangonas dos jornais para ficar a saber que
enquanto Madonna queima os presentes do marido, o
dito anuncia que o símbolo sexual do século afinal
não presta na cama, e há 18 meses que não cumpre com
o débito conjugal, declarando sempre que é o outro o
responsável pela rotura. Dão a impressão de que só
um juiz terá o poder de declarar quem é o verdadeiro
responsável, sossegando assim as consciências.
Num tempo em que todos os estudos indicam que o
exemplo das celebridades exerce uma enorme
influência, para o bem e para o mal, nas pessoas,
mete raiva a irresponsabilidade destas criaturas.
Potenciadas pelo «efeito Holla- revistas
cor-de-rosa», que até a OCDE considerou capaz de
distorcer a percepção que as pessoas têm da
realidade, estas cenas só podem reforçar a ideia de
que um divórcio obriga a tudo isto. E é mentira.
O que torna tudo ainda mais triste.