Público - 27 Set 03

Disparidades Entre Notas de Exame e Internas Chegam Aos 12 Valores
Por I.L.

No conjunto das escolas secundárias, os alunos obtiveram uma nota interna média (atribuída no final do ano pelos respectivos professores) superior à classificação média obtida nos exames nacionais. Nada de estranho nesta diferença, ainda que, ao contrário de 2001 e 2002, desta vez não exista mesmo nenhum estabelecimento de ensino que tenha conseguido o contrário.

No ano passado, os estudantes de seis escolas tiveram prestações nos exames superiores às notas internas em 1 ou mais valores. Todos estes estabelecimentos de ensino eram privados e localizavam-se em Lisboa.

Menos normal é o facto de, tendo em conta um conjunto de oito disciplinas, surgirem disparidades próximas de 6 valores. Foi o que aconteceu com a Escola Básica Integrada de Pampilhosa da Serra (6,25) ou com o Colégio Cidade Roda (5,87), em Leiria. Uma análise por disciplina torna as discrepâncias mais evidentes. Neste último estabelecimento de ensino, os 28 alunos que fizeram a prova de Matemática obtiveram uma média de 4,7 valores.
Mas a sua prestação ao longo do ano lectivo valeu-lhes uma média de 12,39.

Os exemplos repetem-se noutras disciplinas e noutras escolas. A Física, os quatro examinandos da Escola Básica 2,3 com ensino secundário José Ribeiro Sanches, em Penamacor, tiveram uma média na 1ª fase da prova nacional de 2,2 valores. A diferença para a nota interna ascende aos 12 valores.

Física é aliás a disciplina onde os estudantes demonstraram as maiores dificuldades na avaliação nacional. Em meio milhar de escolas, mais de 200 tiveram variações médias de resultados iguais ou superiores a 5 valores.

Na lista das 25 maiores diferenças - todas com valores médios entre os 5 e os 6 - encontram-se sobretudo estabelecimentos de ensino que obtiveram maus resultados nos exames e a maioria (17) são públicos. Comparando com as 25 maiores disparidades em 2001, constata-se que três instituições, todas privadas, voltam a figurar na tabela. E já no ano passado, em entrevista ao PÚBLICO, o ministro da Educação afirmava a necessidade de se investigar o que se passava.

No extremo oposto, o Colégio São João de Brito atinge mais uma primeira posição, já que em nenhuma outra escola as classificações dos estudantes foram praticamente tão boas na escola quanto nos testes nacionais. Mais: a Matemática, os 48 alunos que foram a exame obtiveram neste uma média superior em 1,5 valores à nota interna.

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