Diário de Notícias - 17 Set 04

Rigor começa na escola

A maioria das escolas não começou ontem o ano lectivo, o que não terá certamente surpreendido ninguém. Da ministra da Educação aos sindicatos, pais e alunos, todos eles têm sido suficientemente alertados para o problema da colocação de professores, sabendo muitos deles que mesmo daqui a uma semana (dia 23) haverá escolas que não poderão abrir em condições de normalidade.

A equipa que agora dirige o Ministério da Educação teve conhecimento, mal assumiu funções, há cerca de dois meses, dos problemas graves em torno da colocação de professores. Ao que sabemos, chegou a ser debatida a hipótese de manter tudo como no ano lectivo anterior, não dando, por isso, andamento ao concurso para 2004/2005. Por razões várias, e válidas, essa hipótese foi posta de lado (nomeadamente pelos sindicatos) e o concurso para a colocação de professores continuou, apesar de todos os erros detectados no sistema informático. Parte dos custos desta opção era antecipadamente sabida: o atraso no início do ano lectivo em muitas escolas (só isso justifica, aliás, que a abertura do ano lectivo fosse anunciada para 16 com tolerância até 23 de Setembro).

O conhecimento antecipado de toda esta situação - com enormes custos para alunos, professores e pais -, reforça a obrigação de penalizar os responsáveis pelos erros, para que o discurso da exigência e do rigor não seja letra morta, em particular quando está em causa o dia-a-dia de milhares de pessoas.

É inaceitável que o Estado tenha sido promotor da instabilidade das famílias, entre elas as dos professores, quando uma das suas principais funções é exactamente o oposto, é regular e promover a estabilidade.

O que está em causa no concurso de colocação de professores é demasiado importante, não pode cair no esquecimento. O Governo, em particular o Ministério da Educação, está obrigado a dar conhecimento público sobre o apuramento de responsabilidades e respectivas consequências.

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