Jornal de Notícias - 01 Set 08

 

Vimioso já viu nascer perto de 150 crianças
Câmara foi a primeira do país - há cerca de seis anos - a criar incentivos à natalidade
Glória Lopes

 

Os autarcas trasmontanos tentam a todo custo preservar população na região, que, desde a década de 60, já perdeu cerca de 150 mil habitantes. Os incentivos à natalidade crescem e o valor atribuído também.

 

A Câmara de Vimioso foi a primeira Autarquia do país a premiar financeiramente quem decide ter filhos na terra. E são cada vez mais os municípios a aderir à iniciativa. A parada está a aumentar. Enquanto Vimioso atribuiu um subsídio de 500 euros por cada bebé que nasça no concelho, a freguesia de Lamas de Olo, em Vila real, subiu a fasquia até aos mil euros e uma mensalidade de 100 euros até as crianças fazerem 10 anos.

 

Há seis anos que a Câmara de Vimioso decidiu atribuir o apoio monetário aos casais que tenham filhos, desde então já foram entregues cerca de 80 mil euros e, mais importante do que qualquer verba monetária, já nasceram perto de 150 crianças. O presidente da edilidade, José Rodrigues, diz que o balanço "só pode ser positivo", isto porque se atenuou a grande quebra de natalidade que o concelho enfrentava. É certo que o problema do despovoamento e do envelhecimento populacional está longe de estar resolvido mas, sublinha o autarca, "pelo menos houve uma estagnação na diminuição dos nascimentos".

 

Em 2007, nasceram 30 bebés, e foram atribuídos 15 mil euros em subsídios à natalidade. Um valor irrisório, pois o autarca não se esquece de eque a verba atribuída a cada casal é "simbólica", dada a importância do rejuvenescimento populacional. "Este ano, também já nasceram bastantes crianças, nós queremos é que nasçam e que os jovens fiquem por cá", explicou.

 

Tudo o que contribui para o aumento da população é benéfico num concelho com pouco mais de cinco mil habitantes.

 

Gonçalo, de 18 meses, foi um dos bebés que beneficiaram de dois incentivos à natalidade: 500 euros da Câmara de Vimioso, mais 250 da freguesia de Carção, onde reside. A mãe, Margarida Fernandes, de 28 anos, classifica os subsídios "como uma ajuda boa", que foi bem recebida e que serviu essencialmente para comprar as primeiras coisas do enxoval.

 

A quantia está longe de cobrir as despesas que uma criança faz. A família do pequeno Gonçalo, o único bebé a viver em Carção, é um bom exemplo do maior problema que enfrentam os casais jovens na região: a falta de emprego.

 

O pai, Paulo Jorge, foi obrigado a deslocar-se para Espanha para trabalhar, vai à segunda e regressa à sexta-feira, faz o sacrifício para dar uma vida melhor ao filho.

 

Também as câmaras de Carrazeda de Ansiães e de Murça avançaram para os apoios à natalidade. A primeira dá 7500 euros aos casais até aos 35 anos que tenham o terceiro filho, e a segunda atribui 750 euros por cada nascimento. As juntas de freguesias de Provezende (em Sabrosa) e Arroio (em Vila Real) subsidiam com 250 euros cada nascimento.