PALAVRAS DA SENHORA DONA
MARIA JOSÉ RITTA NA ABERTURA
DO «SERÃO NACIONAL DA
FAMÍLIA» PROMOVIDO PELA APFN
14.05.05
Impossibilitada
de estar presente neste Serão, o que muito me penaliza, não quero
deixar de louvar a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN)
por mais esta iniciativa a favor da família e da sociedade
portuguesas. O tema escolhido para hoje – “Família: Semente do
Futuro” – exprime, com rara felicidade, a missão específica da
família: dela brota tudo o que é humano, e para ela deveriam
convergir todas as atenções e todas as medidas políticas.
A concepção moderna, já
secular, consagrou a supremacia do cidadão individual e, por essa
via – importa reconhecê-lo - contribuiu decisivamente para a
proclamação da igual dignidade de todos os seres humanos. Porém, ao
secundarizar a família, enfraqueceu a base fundamental dessa mesma
dignidade.
Ao contrário de uma tese
que esteve em voga durante muito tempo, a família é uma verdadeira
unidade básica de democracia, de solidariedade e de partilha de
responsabilidades. Os quadros culturais envolventes nem sempre
facilitam o exercício deste papel matricial. Mas o certo é que,
apesar da complexidade dos tempos modernos, a família continua a
constituir o grande e extraordinário espaço de liberdade e de
compensação humanizante, perante as múltiplas opressões e
dificuldades vividas no dia-a-dia.
Saúdo a presença do
Senhor Secretário-Geral da Federação Espanhola de Famílias Numerosas
e congratulo-me com a escolha do tema que vai abordar. A sua
presença alarga o âmbito da consciência colectiva das realidades e
potencialidades familiares. Também permitirá intensificar, sem
dúvida, a cooperação entre os dois países, num domínio em que novos
e velhos problemas nos desafiam na procura dos caminhos do futuro.
Precisamente nesta ordem
de ideias, o tema que vai ser abordado constitui um forte apelo à
visão prospectiva da família e ao reconhecimento das suas
virtualidades, não só para se adaptar ao futuro mas também para
moldar esse mesmo futuro. Direi até que o melhor conhecimento e
aprofundamento da instituição familiar revelará, seguramente, a
existência, no seu seio, de fontes de inspiração fecunda para uma
renovada visão da sociedade, libertando-a de muitos estereótipos que
hoje a agrilhoam.
À Associação Portuguesa
de Famílias Numerosas e a todos os presentes quero, pois expressar o
meu apreço e o meu sentido reconhecimento.
Maria
José Ritta
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