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Público - 7 Abr 04
Durão Garante Que É "Absolutamente Sincera a Convicção Social" do
Governo
Por JOÃO PEDRO HENRIQUES
O ciclo mudou. Depois de dois anos a "pôr a casa em ordem" agora
chega a vez da "protecção social". A evolução das prioridades foi
ontem anunciada pelo primeiro-ministro, Durão Barroso, no final de
uma reunião do plenário governamental convocada para assinalar os
dois anos sobre a tomada de posse do actual Executivo. A reunião,
onde secretários de Estado também tiveram assento, teve lugar no
Pavilhão de Portugal (Parque das Nações), em Lisboa. "É
absolutamente sincera a convicção social do Governo", garantiu o
primeiro-ministro.
Segundo Durão Barroso, "não é nada de novo" que, agora, o Governo
decida dar prioridade às questões sociais. O primeiro-ministro
garantiu sempre ter dito que os primeiros dois anos da governação
seriam dedicados a "pôr ordem nas contas públicas", para depois
poder ter meios para reforçar a "protecção social". "Um país mais
rico, mas um país mais justo, foi o que sempre dissemos", afirmou
Durão Barroso. Ou, por outras palavras: "Um rumo fundado na
preocupação de mais eficiência económica, mas nunca à custa da da
diminuição da protecção social."
O sublinhado social surgiu através de diversas promessas no sector
da educação. O chefe do executivo anunciou que o Conselho de
Ministros tinha aprovado um "Plano Nacional de Prevenção do Abandono
Escolar". Objectivos: reduzir, até 2010, para menos de metade, a
taxa de abandono escolar até aos nove anos (que se situará nos 2,7
por cento, segundo o primeiro-ministro). E, no mesmo período,
reduzir na mesma medida ("para menos de metade"), "a taxa de saídas
precoces da escolaridade de 12 anos, que hoje se cifra nos 44,8 por
cento".
Para Durão, "a situação é, ainda, socialmente insustentável". Os
instrumentos desta reforma serão, de acordo com o primeiro-ministro,
a criação, "da figura do tutor escolar, em todas as escolas
públicas", para acompanhar as crianças em risco. E ainda, entre
outras medidas, a duplicação até 2010 do número de vagas dos cursos
profissionais e tecnológicos.
O primeiro-ministro aproveitou também a oportunidade para anunciar
quase mil milhões de euros em investimentos. Mais precisamente, 855
milhões de euros - "através da chamada reserva de eficiência" -
destinados a "reforçar o volume de investimento público", o qual se
concretizará "através dos programas sectoriais e regionais
financiados através do III Quadro Comunitário de Apoio".
Desses 855 milhões, 370 "irão beneficiar directamente, no
continente, projectos de carácter regional que são,
maioritariamente, de iniciativa municipal ou inter-municipal", nas
àreas do saneamento básico, apoio ao reordenamento das escolas do
primeiro ciclo e apoio a projectos de requalificação urbana e
acessibilidade. A distribuição regional destas verbas também foi
anunciada: norte (135 milhões de euros), centro (85 milhões), Lisboa
e vale do Tejo (72 milhões), Alentejo (55 milhões) e Algarve (23
milhões).
Durão Barroso foi ainda instado a comentar uma proposta do PS para
que se crie uma comissão de acompanhamento do défice orçamental, No
seu entender, a proposta revela uma "notável falta de respeito pelos
sacrifícios feitos pelos portugueses". "A Comissão Europeia já disse
que estivemos abaixo dos três por cento, pelo segundo ano
consecutivo", sublinhou
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