Público - 7 Abr 04

Investigador Critica Excesso de Velocidade de Responsáveis Políticos
Por S.R.

Mário Cordeiro, coordenador do estudo, defende que é necessário perceber as razões que estão por trás da discrepância entre o que os portugueses dizem sobre a sua condução nas estradas, a sua noção do que é correcto e o que realmente praticam. Como mau exemplo para os cidadãos, o investigador aponta o excesso de velocidade de ministros e do próprio secretário de Estado com a tutela da segurança rodoviária.

"Só depois de se perceber por que é que há um hiato entre o que as pessoas dizem fazer e o que realmente fazem é que se pode encontrar razões para ultrapassar isso", afirmou ao PÚBLICO Mário Cordeiro, a propósito da incongruência comportamental dos condutores revelada pelo estudo sobre sinais.

Para o problema da sinistralidade concorrem factores como a cultura automóvel, o ensino, o ambiente rodoviário e a consciência social ou a falta dela, refere Mário Cordeiro, que tem realizado vários estudos relacionados com a prevenção rodoviária.

Por isso, Mário Cordeiro considera gravíssimo que vários ministros e o próprio secretário de Estado com a tutela da sinistralidade, Nuno Magalhães (da Administração Interna), pratiquem velocidades excessivas e outras infracções no seu dia-a-dia, conforme denunciou a TVI na semana passada. "É o próprio secretário de Estado responsável pelo Plano Nacional de Prevenção Rodoviária que entra numa localidade a mais de 100 quilómetros por hora", afirma, acrescentando que com essa prática "a lei perde a credibilidade". Mário Cordeiro considera que a situação é delicada, sobretudo, porque estamos no momento em que a sinistralidade é considerada um problema de saúde pública. "O cidadão comum, quando vê aquilo na televisão, faz o mesmo", diz.

Enquanto docente da cadeira de Saúde Pública na F.C.M., Mário Cordeiro tem coordenado estudos sobre o telemóvel e a condução, as passadeiras e o álcool.

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