Público - 8 Abr 04

Governo Vai Criar Plano de Promoção para Matemática e Física
Por BÁRBARA WONG

O Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES) vai lançar, em conjunto com o da Educação, no próximo ano lectivo um Plano Nacional de Promoção da Matemática e da Física, com o objectivo de criar, entre os mais novos, o gosto pela ciência.

Em conjunto com o plano de combate ao abandono escolar, anteontem apresentado pelo primeiro-ministro, o novo programa poderá ser a solução para, no futuro, preencher as vagas sobrantes nos cursos de ciências e engenharias, acredita a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho.

O anúncio foi feito ontem pela ministra, numa conferência de imprensa onde apresentou ainda a política de vagas para o ensino superior para o próximo ano lectivo. Graça Carvalho defende que o número de lugares disponíveis nas universidades e politécnicos se mantenha igual ao do ano passado. Em 2003, o MCES disponibilizou apenas 46.408 vagas. Essa solução, contestada na altura pelas instituições, revelou-se "equilibrada", pois levou mais alunos a optar pelas escolas do interior, revela a ministra.

No que diz respeito ao Plano Nacional de Promoção da Matemática e da Física, Graça Carvalho defende um trabalho nas escolas básicas e secundárias que leve ao aumento do sucesso escolar dos alunos e do interesse por formações superiores na área das engenharias e tecnologias.

Nos estabelecimentos de ensino não superior poderão criar-se clubes de Física e de Matemática. As escolas podem ter outras iniciativas, como jogos ou programas extra-curriculares que sensibilizem os estudantes. Estas iniciativas podem ser promovidas por bolseiros do ensino superior que acompanhem os alunos, prevê a ministra.

Para o Governo existem três áreas consideradas prioritárias: saúde, artes, ciências e tecnologias. Entre estas, as ciências e tecnologias têm-se revelado "um problema", aponta Graça Carvalho, devido à falta de alunos. Cabe também às instituições de ensino superior promover as suas formações, sugere a ministra.

Mais vagas só na saúde

Tal como no ano anterior, a tutela só autoriza um acréscimo de vagas para os cursos na área da saúde. Em Medicina vão ser criados cerca de 200 novos lugares, nomeadamente através da solução de leccionar nas universidades dos Açores e da Madeira. E mais uma centena de vagas para reconversão de licenciados de outras formações, como Medicina Dentária.

O Ministério do Ensino Superior recomenda às instituições que aumentem em 20 por cento os lugares para a saúde. Quanto às áreas de ciências e artes, as escolas deverão subir em 15 por cento o número de lugares, mas gerindo o "plafond" que lhes é atribuído, ou seja, tirando lugares a cursos não prioritários.

Tal como no ano passado, o MCES afirma que não vai financiar a admissão de novos alunos em formações que nos últimos três anos tenham tido inscritos menos de 10 estudantes no 1º ano ou menos de 30 no conjunto dos três anos lectivos. Contudo, há formações com "especial relevância social" que vão manter-se, como Engenharia Naval ou Engenharia de Materiais. Graça Carvalho recomenda às instituições que encontrem soluções para optimizar os recursos existentes.

Quanto às outras áreas que o Governo não considera prioritárias, podem ser disponibilizados mais lugares, se se tratar de situações bem fundamentadas de cursos com abertura de vagas em anos alternados ou se o aumento ocorrer em áreas de "excepcional relevância social e empregabilidade", informa um texto do MCES sobre os critérios de fixação de vagas.

Em 2003, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior reduziu em 6,7 por cento o número de vagas no ensino público e 6,3 por cento no privado. Graça Carvalho explica que a manutenção desta política de fixação de lugares é justificada pela diminuição do número de candidatos ao ensino superior desde há seis anos. É que, segundo os dados oficiais, entre 1997 e 2003, o número candidatos à primeira fase do concurso nacional diminuiu mais de 20 mil, enquanto o número de vagas aumentou 9500.

Os reitores e presidentes dos politécnicos têm até 30 de Abril para definir os seus "plafonds", caberá ao MCES aprová-los até 17 de Maio.

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