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Dia a
dia
A demora da aplicação do que se anuncia em
programas, campanhas e mesmo na legislação, surge
mais uma vez na ordem do dia com a nova vontade de
generalizar a existência dos tutores nas escolas
públicas, como forma de combate ao abandono precoce
e ao insucesso escolar.
A ideia do tutor não é nova. Estava já anunciado na
legislação dos chamados Territórios Educativos de
Intervenção Prioritária que o actual Governo pôs em
‘banho -maria’, sem no entanto revogar as leis que o
estipulavam. Existe com sucesso nas escolas públicas
de gestão privada, segundo comunicado da Associação
Portuguesa das Famílias Numerosas que aproveitou a
oportunidade de sair a público para fazer ‘lobbying’
pela ‘gestão privada’. E existe também em várias
escolas públicas onde os conselhos directivos
aplicam o ‘crédito global de horas’ para encarregar
um professor do contacto especial com alunos
problemáticos e respectivas famílias. Tudo sempre
com um grande voluntarismo: há uma escola de Lisboa
que tem tutor, mas não tem dinheiro para poder
telefonar às famílias.
É bom nesta situação que o Plano Nacional de
Prevenção do Abandono Escolar apresentado pelo
Governo chegue resumido na frase “Eu não desisto”. E
que as escolas e os professores o abracem com
determinação. Afinal, os planos esquecem, os
governos mudam e pertence à escola passar a ideia de
que para ter sucesso é necessário trabalhar e não
desistindo sempre se consegue.
João Vaz, Director-Adjunto |