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Diário de Notícias - 20 Abr 04
Criminalidade de 'gangs' aumentou 32% em cinco anos
CARLOS FERRO
A criminalidade grupal nas áreas urbanas em Portugal subiu 32% nos
últimos cinco anos. Entre 2002 e 2003, esse aumento foi de 8%.
Estes dados fazem parte do relatório anual da Polícia de Segurança
Pública (PSP), referente a 2003, que inclui um outro alerta: a
delinquência associada a menores, conhecida como juvenil, subiu 5%,
em relação ao ano de 2002.
A criminalidade associada a indivíduos estrangeiros também registou
um aumento de detenções de 21%, merecendo destaque o facto de estes
utilizarem «um grau de violência significativo».
Mas são o Porto e a Madeira os distritos que lideram o índice de
crimes cometido por gangs - que é diferente do juvenil, apesar de o
poder incluir -, seguindo-se Faro e Bragança. No entanto, Lisboa
continua a ser a região com maior registo deste tipo de situações.
De acordo com o documento a que o DN teve acesso, a PSP registou, em
2002, 3145 ocorrências com grupos, número que diminuiu para 3086,
cerca de 2%, em 2003.
No Porto, durante o mesmo período, as estatísticas passaram dos 910
registos para 1316, enquanto na Madeira as queixas à polícia por
actividades de grupos de criminosos, em 2003, subiram de 15 para 62.
Os principais alvos destes gangs, compostos por três ou mais
elementos, são as lojas de venda de telemóveis, artigos
informáticos, ourivesarias e bancos. Destacando-se ainda o facto de
os assaltantes utilizarem carros furtados em áreas diferentes
daquela onde levam a efeito o roubo.
Um outro dado relevado pela PSP é a subida de detenções de cidadãos
estrangeiros - 21%, quando comparado com 2002. Esta força de
segurança chama a atenção para o «facto de grande parte dessa
criminalidade ser praticada em contexto grupal e ser utilizado um
grau de violência significativo». Segundo os dados estatísticos,
foram registadas 537 práticas de crimes em 2003. Também aumentou o
número de estrangeiros detectados em situação ilegal: de 401 há dois
anos para 451 no ano passado.
Quanto às nacionalidades, os elementos referenciados são, na sua
maioria, oriundos do Brasil ou da Europa do Leste.
FALTA PESSOAL O aumento de criminalidade no distrito do Porto pode
ser explicado, entre outras razões, pela falta de agentes. Essa é
uma das justificações apresentadas por Alberto Torres, presidente da
Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP).
«O comando do Porto tem um défice de cerca de 600 elementos. Às
vezes, nem há agentes para uma patrulha. Se não há pessoal na rua,
isso reflecte-se no aumento da criminalidade», adiantou ao DN. «Os
grupos de jovens organizados são sucessivamente apresentados à
justiça e depois colocam-nos em liberdade. Por isso, pensam que
podem fazer tudo sem que lhes chamem a atenção», lamentou ausência
de meios para policiamento preventivo, juntam-se os problemas
sociais - como o insucesso escolar - e a falta de ocupação dos
jovens, sublinhou. [anterior] |