Público - 21 Abr 04

Coordenadora Nacional Vinca Importância da Família
Por S.D.O.

"A família é a mais pequena democracia no coração da sociedade." O "slogan" de 1994, Ano Internacional da Família, continua actual e serve de pano de fundo ao fórum "Famílias, Cooperação e Desenvolvimento", organizado pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho, que termina esta sexta-feira no INATEL, em Santa Maria da Feira.

A coordenadora nacional para os Assuntos de Família, Margarida Neto, explicou ontem, na sessão plenária do debate "Família e Desenvolvimento", que a família é o mais importante pilar de suporte da comunidade. "A sociedade é o que forem as famílias. Não a soma aritmética, mas o conjunto de idiossincrasias."

A responsável avisou que ia ser "drástica". "Quem não aprende na família o bem comum, o ser genuíno na vida, não vai aprender nunca", vincou. E o crescimento económico ressente-se disso. "Sem famílias estáveis, sem serem capazes de educar os seus filhos ou dinamizar uma economia doméstica", não é possível haver um "reforço do tecido social" e, em consequência, económico.

A responsável realçou, por outro lado, as mudanças que as famílias estão a sentir na pele. Menos casamentos, mais divórcios, aumento das coabitações, informalidade no relacionamento entre pais e filhos, necessidade de realização pessoal e profissional das mulheres, contribuem para uma nova noção de estrutura familiar. "Vivemos numa sociedade mais individualista, que se organiza à volta do efémero, em crise de espiritualidade. Uma sociedade muito descrente de que o amor pode durar, do bem comum. E isso causa nas famílias uma imensa perturbação."

E há ainda os "poderosos instrumentos" que entram pelos lares e que podem "atrapalhar" a família "enquanto ninho de afectos". Como por exemplo, especificou, "a comunicação social, que introduz na cabeça e no tempo das famílias outras aprendizagens", bem como "o desenvolvimento económico europeu baseado no ter, no consumo". Margarida Neto lembrou, a propósito, os três cenários que a ONU delineou em relação a esta matéria. Ou seja, o desaparecimento das famílias, a recuperação das famílias tradicionais ou o aumento da diversidade familiar.

O fórum prossegue com a discussão de outros assuntos, nomeadamente a cooperação multilateral, economia social, analisadas pelas várias delegações do Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa - Angola, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe - presentes neste encontro.

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