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Público - 25 Abr 04 David, 38
Anos, Empresário
Por B.W.
"Sabíamos que esta situação nos era benéfica"
David (nome fictício), empresário na área do comércio grossista,
divorciou-se há cinco anos. O passo foi dado depois de o casal ter
assumido que o casamento tinha chegado ao fim. Casaram muito novos,
ele com 21 e ela com 19 anos, o primeiro filho chegou pouco depois,
as pressões e interferências familiares eram muitas, conta. "Eu era
leviano e pouco ligado à família. Concluí que o divórcio era o
melhor para os meus filhos", acrescenta.
David deixou para trás um casamento de quase dez anos e três filhos,
um deles ainda muito pequeno. Mas cinco anos depois arrependeu-se.
"Nunca me deveria ter separado", confessa. David e Carolina voltaram
a juntar-se há
ano e meio.
Os planos começaram a ser elaborados. David e a mulher, professora,
pensaram voltar a casar, fazer uma festa. Até que concluíram que o
melhor era manterem o mesmo estado civil. "Sabíamos que enquanto
divorciados esta situação nos era benéfica, porque cada um entrega a
sua declaração de IRS. Tínhamos esperança que o Governo alterasse a
lei, mas, como isso não aconteceu, decidimos manter o nosso estado
civil."
Com o ordenado de professora, Carolina (nome fictício) não paga, nem
recebe dos impostos porque tem a seu cargo as despesas da casa e da
educação dos filhos. Por seu lado, David pagava uma pensão de
alimentos de 500 euros. Agora, o empresário vai declarar o salário
mínimo e todo o rendimento restante, cerca de 24 mil euros, vai
apresentá-lo enquanto pensão de alimentos para os filhos e para a
mulher. Feitas as contas, o empresário será reembolsado em 3600
euros.
"Não sou uma pessoa com muitos rendimentos, haverá outros que
poderão tirar mais partido desta situação", diz David, que conhece
"variadíssimas" pessoas que põem a hipótese de se separarem para
beneficiarem de uma "lei que é estúpida".
Por seu lado, está descansado. Como católico, o seu casamento nunca
foi desfeito, mesmo depois do divórcio. Enquanto contribuinte
garante que não está a infringir a lei pois já estava divorciado.
Mas, se ainda estivesse casado, não tem dúvidas que ponderaria
separar-se, pois "é benéfico em termos fiscais". [anterior] |