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Diário de Notícias - 27 de Agosto
As escolas do País vistas à lupa
Maria José Margarido
INÉDITO. Esta é a primeira vez que são divulgados os resultados
obtidos pelos alunos das 625 escolas do ensino secundário
existentes no País - instituição a instituição, disciplina a
disciplina
Os resultados obtidos pelos alunos das 625 escolas do ensino
secundário existentes no País - instituição a instituição,
disciplina a disciplina. As notas de frequência, de exame e finais,
todas relativas ao último ano lectivo - e as disparidades entre as
mesmas. A percentagem de aprovações por estabelecimento de ensino. As
médias nacionais, de cada distrito e as assimetrias encontradas.
São estes dados que o DN divulga hoje, uma informação inédita em
Portugal porque nunca antes saira das mãos dos responsáveis pelo
Ministério da Educação.
Os dados, referentes à primeira fase dos exames nacionais do 12.º
ano, abrangem mais de 145 mil alunos, permitem estabelecer várias
ordenações e chegar a conclusões surpreendentes.
Alguns exemplos: existem enormes disparidades entre a média das
notas de frequência e as de exame - a diferença é superior a oito
valores em mais de uma centena de pares escola/prova. Das 625
instituições de ensino do País, quase metade tem uma média de
classificação de exame negativa. Apenas 54 escolas conseguem ter um
resultado positivo se formos ao pormenor da prova de Matemática. Em
termos distritais, e ainda à volta das classificações de exame, os
cálculos apresentam o retrato impressionante de um País dividido ao
meio: o litoral, norte e centro são positivos; o sul, interior e
regiões autónomas negativos. Exactamente dez distritos para cada lado,
uma sobreposição quase perfeita do que podia ser o mapa
socioeconómico de Portugal.
Embora o ministro Marçal Grilo tenha chegado a propor a divulgação
dos resultados das melhores escolas do País, a equipa seguinte mudou
radicalmente de rumo e sempre defendeu que a informação não devia ser
pública, para evitar a formação de rankings
simples, que não têm em conta o contexto específico de cada
instituição de ensino. O actual responsável pela pasta da Educação,
Júlio Pedrosa, concorda com o princípio da máxima transparência, mas
demarca-se da "elaboração de qualquer ranking oficial de escolas
com base nos resultados das avaliações". E garante mesmo que não
pretende favorecer, por sua iniciativa, "outros procedimentos que
visem aquele objectivo". O DN só conseguiu chegar aos dados
elaborando um pedido formal ao ministério, ao abrigo da Lei do Acesso
aos Documentos Administrativos.
Parece impossível negar o interesse público de todo este manancial
de informação. O DN não tem qualquer pretensão ou interesse em
elaborar um ranking nacional de escolas. Se estas aparecem ordenadas de
alguma forma é porque só assim se conseguem resultados perceptíveis
face à quantidade de dados existente.
Como a realidade é multifacetada, fizeram-se várias ordenações,
de acordo com diferentes critérios (embora o principal tenha sido
sempre o da Classificação Final de Disciplina, que já tem em conta
muitas variáveis).
Os 14 exames escolhidos
O DN seleccionou, do total das provas do 12.º, os 14 exames que
considerou mais representativos.
- Português B, código 139
- Matemática, código 435
- Física, código 115
- Química, código 142
- Biologia, código 102
- Filosofia, código 114
- Francês, código 417
- Inglês, código 650
- Sociologia, código 144
- Geografia, código 119
- Psicologia, código 140
- História, código 123
- Desenho e Geometria Descritiva A, código 108
- Introdução ao Desenvolvimento Económico e Social, código 128
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