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Diário de Notícias - 27 de Agosto
Avaliação muito descontínua
EM CADEIA. Alunos mal preparados tornam-se professores
desadequados
Mesmo com resultados muito negativos nos exames, os alunos conseguem
ter aprovação nas disciplinas graças às altas médias internas
conseguidas nas suas instituições de ensino, que valem 70 % da nota
final. E as diferenças entre ambas as avaliações, em cada escola,
não são pontuais nem se resumem a uma ou outra disciplina. Há médias
globais a revelar que, numa mesma instituição, a tendência é comum a
muitas disciplinas.
Nas 25 escolas que apresentam as maiores diferenças, estas vão de
7,4 a cinco valores - é caso para dizer que as notas da avaliação
contínua não combinam mesmo nada bem com as dos testes.
Das 25 instituições de ensino consideradas, 16 são privadas, como
o Externato Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Porto: com três
exames tem um diferencial de 7,4 valores - mas que consegue 77,6 por
cento de aprovações graças a uma média da avaliação contínua de
13,1 valores. Só em Matemática, a diferença é de 12 para 3,5
valores; em Português B vai de 13 a 7,8; e em Psicologia desce de 15
para cinco valores. Este é apenas um exemplo - e é também a escola do
País com o maior abismo entre as duas notas -, mas há muitos. Como o
da Escola EB 2,3/S do Baixo Barroso, em Vila Real, que vem logo a seguir
com 13,8 valores de Classificação Interna Global, transformados em 7,1
de média de Exame. Resultado: 91,4 por cento dos alunos desta escola
foram aprovados e concluíram o 12.º ano.
Ao fazer-se uma ordenação simples por média de Classificação de
Exame em cada instituição de ensino, o que se
verifica é que a Matemática surge 67 vezes como o pior teste em 108
pares escola/exame. A Física, o Francês, Inglês, Química e Desenho e
Geometria Descritiva também andam neste patamar, mas com menos
frequência. As notas encontradas nestas 100 médias de testes são
todas muito negativas (na ordem dos 2 aos 5 valores), mas muitas vezes
transformam-se em positivas graças ao cálculo da classificação
final. Só 26 desta centena de casos se referem a escolas privadas, mas
o primeiro de todos passa-se numa instituição particular: a média do
exame de Inglês no Colégio de Campos, de Viana do Castelo, foi de 2,2
valores.
Em termos globais (média de todos os exames realizados em
determinada escola), os privados dominam os três primeiros lugares, com
os valores mais altos (conseguem médias de 15 a Química e de 13 a
Matemática), e são todos de Lisboa. Trata-se do Externato D. Afonso V,
do Colégio do Sagrado Coração de Maria e da Escola Técnica e Liceal
Salesiana Santo António. Logo a seguir vem a Escola Secundária
Aurélio de Sousa, do Porto. Nos primeiros 15, aliás, onze são
instituições particulares e 14 pertencem aos distritos de Lisboa e do
Porto. Estas são também as escolas onde a diferença entre a nota de
exame e a de frequência é quase inexistente: separa-as apenas um valor
ou pouco mais do que isso.
No extremo oposto, com a mais baixa média de exames, surge o
Externato Marquês de Pombal (privado), de Lisboa:
4,5 valores. Se a ordenação for feita pela Classificação Interna, 48
das primeiras escolas são privadas.
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