Diário de Notícias - 27 de Agosto

Autopropostos com tendência para a negativa

Jovem ou nem por isso, ensino secundário completo, a lutar por uma melhoria de nota em certas disciplinas ou apenas pela entrada no mundo superior: é este o retrato do aluno externo e autoproposto. A análise dos dados confirma o que já se sabia - que estes estudantes têm, em todas as disciplinas e em termos nacionais, médias inferiores às dos estudantes internos. As únicas que são positivas a nível nacional e nas 13 disciplinas principais são Filosofia e Sociologia.

As oscilações, em termos distritais, são tremendas - mas há escolas em que os alunos externos se aproximam muito daqueles que passaram o ano lectivo inteiro na escola. A disciplina onde mais de destacam, das seleccionadas pelo DN e por ordem distrital, é Desenho e Geometria Descritiva A, no Porto, com 12 valores de média. O pior distrito nesta matéria e em termos de autopropostos é Portalegre, com 4,6 valores.

Só por curiosidade, refira-se que foi também no Porto que os alunos externos conseguiram os melhores resultados em termos de escola: no Externato Horizonte (privado) chegaram a uma média global de 17,4 valores, com uma percentagem de aprovações de 100 por cento (18,6 a Química e 17,7 valores em Biologia). O Colégio Mira Rio, de Lisboa (também particular) perfila-se logo a seguir, mas com resultados substancialmente mais baixos: uma média de 14,3 valores, composta por uns optimistas 19 valores em Química, 18,5 a Biologia e por uns pessimistas 5,6 valores a Matemática. No entanto, os valores negativos dominam muito mais de metade do panorama desenhado escola a escola. E a que apresenta um valor médio global mais baixo é o Externato Cesário Verde, em Lisboa: apenas 2,2.

É preciso ter em conta que aqui se fala sempre de um universo mais restrito do que o dos alunos ditos regulares. Muitas vezes há apenas dois ou três estudantes a fazer exame nestas condições, e dentro de cada escola podem realizar apenas um exame. As amplitudes entre os extremos das médias são, também por isso, muito maiores e menos uniformes. Mas é interessante olhar para as diferenças entre as disciplinas: estes autodidactas são mais eficazes em Filosofia, onde a média nacional é de 10,4 (a dos estudantes internos é de 12,6) e em Sociologia, com 10,3 valores (contra 11,9 dos alunos que frequentaram a escola no último ano).

Disciplina a disciplina e distrito a distrito, o retrato possível dos alunos externos apresenta algumas variações. Em Sociologia, os melhores resultados são conseguidos em Setúbal, com uma média de 11,3 valores; no outro extremo está Évora, com 8,5. Em Química destaca-se o Porto, com 10,1 valores; e Bragança, que não ultrapassa os 6,4. Os alunos externos conseguiram ainda 10,2 valores a Psicologia, em Faro, e 8 em Bragança. Matemática, Inglês, Francês e Física são disciplinas onde as médias distritais são sempre negativas: tanto as melhores como as piores. Aliás, em Matemática, por exemplo, a melhor média registou-se em Lisboa, com 5,1 valores... e a pior em Bragança, com 2,9. 

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