Público - 27 de Agosto

26 das 30 Melhores Escolas Estão na Grande Lisboa Ou no Grande Porto

Por BÁRBARA SIMÕES

Oito privadas entre as 10 com as médias mais altas

O Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, é o que tem a melhor média nos oito exames mais concorridos. Oito das dez escolas com notas mais altas são privadas e oito das dez piores também. A prestação dos alunos é melhor no litoral do que no interior. Pela primeira vez, o Ministério da Educação disponibilizou os resultados da primeira fase dos exames nacionais do 12º ano. Os dados dizem respeito ao ano lectivo 2000/2001.

As melhores notas estão no litoral e, dentro do litoral, em Lisboa e no Porto. Este é um dado que imediatamente salta à vista quando se espreitam as médias obtidas, em cada uma das escola públicas e privadas portuguesas, nas duas chamadas da 1ª fase dos exames nacionais do 12º, realizadas em Junho e Julho deste ano.

Olhando para um grupo de oito das provas mais concorridas - Matemática (435), Biologia (102), Física (115), Química (142), Português B (139), Português A (138), Psicologia (140) e História (125) - observa-se que 14 das 20 escolas que apresentam as notas mais elevadas repartem-se entre o Porto (6) e a capital (8). O interior está representado pela primeira vez na 42ª posição, através da Escola Secundária Fernão de Magalhães, em Chaves, com os seus 12,1 no conjunto das oito disciplinas consideradas.

Mais: 26 das 30 primeiras escolas situam-se na Grande Lisboa ou no Grande Porto. As excepções são a secundária Infanta D. Maria e o Instituto Missionário do Sagrado Coração, ambos em Coimbra, o Colégio Nossa Senhora da Assunção, em Anadia, e a secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria. 

A distribuição das notas por concelhos - com base numa média que resulta da ponderação dos resultados das escolas mais bem cotadas com os das que se saíram pior - confirma, por seu turno, o predomínio da faixa litoral no grupo de estabelecimentos de ensino com médias mais altas. Nos resultados das disciplinas individualmente consideradas, essa tendência está bem patente no caso da Matemática, mas esbate-se quando se passa, por exemplo, para Português A, com vários concelhos do interior a surgir no topo das classificações - como é o caso de Ferreira do Alentejo, Reguengos de Monsaraz, Ourique ou Vouzela.

A mesma situação pode ser comprovada tendo em consideração uma unidade de distribuição geográfica convencionada pelo Instituto Nacional de Estatística - o NUT. No geral das oito disciplinas, agrupadas as médias por NUT3, são as regiões do Grande Porto, Cávado, Baixo Mondego e Grande Lisboa que aparecem à frente. Em Matemática não há diferenças substanciais; a ordem é: Baixo Mondego, Grande Lisboa, Grande Porto e Cávado. Mas em Português A já há e são a Serra da Estrela e a Beira Interior Norte que registam as melhores médias.

A um nível mais comezinho, não deixa de ser curioso salientar como por vezes escolas que são praticamente porta a porta ou que em princípio acolherão populações estudantis com características - culturais, sócio-económicas - semelhantes apresentam notas tão díspares. Como exemplo, repare-se no que acontece com um conjunto de três estabelecimentos de ensino da capital: as secundárias Rainha D. Amélia, D. João de Castro e Ferreira Borges. São vizinhas umas das outras (duas ficam no Alto de Santo Amaro e outra um pouco mais abaixo). Mas, nas notas, no alto aparece só uma: a D. Amélia, na 32ª posição. O lugar da D. João de Castro é o 183 e o da Ferreira Borges é o... 535.

O mesmo acontece, por exemplo, com dois colégios ligados à Opus Dei - Mira Rio e Externato Planalto - ambos a funcionar na zona de Lisboa. O primeiro, no Restelo, está entre os mais bem classificados, com uma média que lhe permite ocupar o sexto lugar; o segundo não consegue ir além do 423. 

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