Público - 28 de Agosto

Sindicatos Apreensivos

As duas federações sindicais dos professores manifestaram-se ontem apreensivas com a possibilidade de ser feito um "ranking" das escolas secundárias, tendo apenas como dados as classificações finais dos exames do 12º ano. A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) rejeita qualquer leitura dos dados sem uma análise aprofundada, diferenciando as escolas dos cursos tecnológicos e dos cursos gerais, assim como tendo em conta os contextos sócio-culturais em que se inserem. "Não estamos contra a divulgação dos resultados, até pode ser positiva se a leitura não for meramente superficial", refere o dirigente João Dias da Silva. Para este dirigente, os resultados são um manancial de informação que agora está ao dispor de todos, para que seja feito um debate sem preconceitos e uma reflexão com grande serenidade. A primeira entidade a reflectir sobre estes dados, diz, deve ser o próprio Ministério da Educação, apostando na avaliação dos estabelecimentos mas também analisando os programas, a organização dos exames e a articulação entre os dois.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) assume uma leitura mais crítica da divulgação dos dados. Paulo Sucena, secretário-geral da federação, teme que um "ranking" possa contribuir, não para a melhoria da qualidade de ensino, mas sim para acentuar clivagens entre escolas. "A Fenprof sempre esteve contra a divulgação dos resultados dos exames do 12º ano, sempre o transmitimos a todos os ministros da Educação", diz o dirigente sindical. Sucena destaca alguns factores importantes para a avaliação do desempenho das escolas que não estão contidos nos dados divulgados, nomeadamente o projecto educativo e a forma como a escola se relaciona com a comunidade.

"Tudo isto faz o rosto da escola". 

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