Público - 6 Ago 03
Maternidade Júlio Dinis Apresenta a Casa das Mães
Por ANDREA CUNHA FREITAS
É o número 8 do Largo Alexandre de Sá Pinto (Largo da Torrinha), no centro
do Porto. Uma pequena casa de azulejos vermelho escuro com dois quartos
ocupados por cinco camas. O imóvel antigo foi doado há vários anos à
Maternidade Júlio Dinis que o restaurou para que pudesse acolher as mães
que querem estar perto de bebés prematuros ou com uma situação clínica
complexa. Ontem, Strecht Monteiro, director da instituição, mostrou as
instalações da "Casa das Mães". A "verdadeira inauguração" acontece a
meados deste mês altura em que o espaço já poderá ser ocupado pelas
parturientes.
Quando os bebés estão em risco, as mães querem estar por perto. Para isso,
na Maternidade Júlio Dinis, que durante o decorrer das obras recorreu ao
hospital Pediátrico Maria Pia, existiam apenas três camas colocadas numa
divisão sem quarto de banho e com poucas condições. A unidade onde ocorrem
a maior parte dos partos da cidade do Porto tem uma média de três mães que
necessitam deste apoio logístico e que, em último caso, ocupam uma cama
hospitalar que custa cerca de 275 euros por dia ao Estado.
A partir deste mês, a "Casa das Mães" oferece cinco camas instaladas numa
casa restaurada que oferece todas as condições para uma estadia
confortável. O imóvel situada nas traseiras da maternidade, a poucos
passos das instalações hospitalares, sofreu obras que envolveram um
investimento de 135 mil euros, num projecto financiado pelo programa
europeu Saúde XXI (75 por cento) e a restante parcela da responsabilidade
do governo. "Trata-se de um projecto de humanização de saúde que vai
permitir amenizar a preocupação e angústia das mães e, ao mesmo tempo,
permitiu a recuperação de uma casa em ruínas", referiu Strecht Monteiro,
acrescentando que "a acção apoiada pela Administração Regional de Saúde
amplia o património da maternidade". E apesar do anunciado encerramento da
maternidade, no âmbito da criação do Centro Materno-Infantil junto ao
Hospital de S. João, Strecht Monteiro justifica o investimento na "Casa
das Mães": "A administração da Maternidade não vai deixar de tomar
iniciativas enquanto estiver aqui. Para não deixar cair isto no
descalabro". Por outro lado, o responsável da unidade hospitalar sublinha
que a "Casa das Mães", prevista há três anos e cujo projecto arrancou há
um ano, representa "uma casa que foi recuperada, uma casa nova" e
acrescenta: "Não sei o que faremos com ela quando surgir o Centro
Materno-Infantil. Também não sei qual é a utilidade que vão ter as actuais
instalações da Maternidade". Manuel Moreira também sublinhou a importância
do projecto que alia a vertente da humanização da saúde à recuperação do
património degradado, aproveitando para elogiar a "qualidade, rigor,
gosto, requinte e dignidade" da intervenção na Casa das Mães
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