Diário de Notícias - 04
Dez 06
Saem mais sandes
do que chocolates
Quinta-feira. A Escola C+S de Santa Iria de Azóia
prepara-se para fechar as portas para um
fim-de-semana alargado. A máquina de comestíveis
instalada no bar há muito que deixou de ter sandes,
croissants e águas. Restam chocolates de
leite, barras de cereais, bolachinhas com cálcio,
leites com chocolate, iogurtes e os sumos 100%
naturais. Um "menu" saudável, que o conselho
executivo introduziu este ano.
A iniciativa de alterar os produtos de venda
automática (vending) para alimentos mais
saudáveis resultou de uma discussão sobre se
deveriam retirar as máquinas. A ideia foi posta de
parte devido à necessidade de descongestionar o bar
da escola aos intervalos grandes. Além disso, na
envolvente C+S de Santa Iria de Azóia há três
pastelarias, uma loja de gomas e um Pingo Doce,
que enchem quando os jovens saem das aulas.
"Se proibirmos tudo, os alunos querem sair e até os
pais nos criticam por isso. Não comem dentro da
escola, mas vão comer lá fora, com todos os riscos
associados a isso. A nossa filosofia é introduzir
exigência, mas sem fundamentalismos", explica
Jacinto Moita, presidente do Conselho Executivo.
Fernanda Santos, técnica da Deco, responsável pela
alimentação, não aceita a desculpa de que os alunos
acabam por ir comprar os "maus produtos" lá fora.
"Não faz sentido que se promova na aula uma
alimentação saudável quando no espaço escolar não se
dá seguimento a essa orientação", defende. Segundo o
operador que abastece a escola de Santa Iria de
Azóia, Paulo Carlos, da Tejo Vending, a máquina tem
uma variedade de 10 produtos em vez de 30, como
habitualmente, distribuídos desta forma: 30% de
sandes e croissants, 25% de águas, 15% de
sumos (com a indicação de 100% naturais), 15% de
lácteos, 10% de chocolates e 5% de cereais e
bolachas integrais.
A divisão vai de encontro às normas que o Ministério
de Educação quer implementar e é bem diferente de
outras escolas onde existe grande variedade de
chocolates e bolachas recheadas. E os alunos
acabaram por aderir à nova ementa. "A máquina
continua a ter boa adesão. Os produtos são bons,
mais baratos que lá fora e é mais rápido o acesso",
argumenta Jacinto Moita. O próximo passo é alterar
os conteúdos da máquina de bebidas, cheias de colas
e refrigerantes.
Para Paulo Carlos, também membro da direcção da
Associação Portuguesa de Venda Automática, os
fornecedores podem disponibilizar alimentos
saudáveis, mas é preciso que sejam definidas regras.
"Têm que se estabelecer parâmetros. Dizer que um
produto é mais saudável porque tem menos calorias
não faz sentido, porque há chocolates com poucas
calorias. Todos defendem os produtos lácteos, mas o
leite também tem muitas calorias", argumenta.
Uma ementa saudável obriga a uma reposição mais
frequente, já que as sandes são perecíveis e cada
uma ocupa o espaço de cinco chocolates. A escola tem
cerca de 800 alunos e vende 70 peças por dia, na
maioria águas, sandes e chocolate. O operador diz
que há uma ligeira quebra nas quantidades vendidas,
mas como os novos produtos são mais caros a escola
irá ter aumento de receitas. Antes, cada unidade
custava entre 50 e 70 cêntimos e, agora, custa entre
50 e 90 cêntimos (sandes e sumos 100% naturais) e a
ocupação do espaço é paga à percentagem.