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Público - 20 Fev 03
Centros Locais de Apoio ao Imigrante Abrem em Março
Por ANA CRISTINA PEREIRA
Alto Comissariado assinou ontem protocolos para os 12 primeiros espaços
destinados a prestar informações úteis
Quais os requisitos de entrada em Portugal? Quando devo fazer a matrícula do meu
filho? Que grau de parentesco se considera para haver reagrupamento familiar? O
Programa de Retorno Voluntário dá-me alguma ajuda financeira? As perguntas com
que se cose uma vida parecem um poço sem fundo. "A informação não é tudo, mas é
uma peça fundamental; sem informação adequada, a integração não é possível",
salienta o alto comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, padre António
Vaz Pinto. Um par de frases para espelhar o valor dos centros locais de apoio ao
imigrante, estruturas já com abertura agendada para 15 de Março.
O pontapé de saída deu-se ontem no Porto, local escolhido pelo comissariado para
assinar os protocolos de colaboração com a dúzia de entidades sem fins
lucrativos que irá pôr o projecto em marcha. De Faro a Viana do Castelo,
passando por Beja, Évora, Setúbal, Lisboa, Portalegre, Leiria, Coimbra, Aveiro,
Porto e Braga. A geografia dos centros obedece a uma aposta na descentralização,
que escapa a alguns distritos do interior e as ilhas.
420 mil estrangeiros
Cada centro, financiado pelo comissariado, irá funcionar com um moderador. A
trabalhar, de segunda a sexta, em pequenas salas munidas de computador com
acesso à Internet, impressora, telefone com ligação directa à SOS Imigrante e
panfletos temáticos. Em três línguas: português, inglês e russo. Esta primeira
dúzia é, enuncia Vaz Pinto, "a semente" de uma rede que se quer ver alargada. De
acordo com o alto comissário, a segunda fase arrancará "imediatamente a seguir à
primeira", isto é, lá para a segunda metade de Março. A pedido de câmaras,
juntas de freguesia e governos civis, mas não à toa. "Nos locais onde sejam
necessários", frisa, sem estabelecer um número limite.
"Estes centros locais são um instrumento importantíssimo para a construção da
política de imigração", discursou o secretário de Estado Adjunto da Presidência,
Feliciano Barreiras Duarte. São um exemplo das parcerias que se quer estabelecer
entre o Estado e a sociedade civil no caminho de uma integração real.
Voltando-se para a história do país, Feliciano Barreiras Duarte sublinhou a
obrigação nacional de bem acolher os estrangeiros: "Actualmente, somos dez
milhões cá dentro e cinco lá fora". Com tal quadro, surgem obrigações de
"humanismo".
Segundo o secretário, o Governo tentará "criar todas as condições para que
aqueles que escolheram Portugal para fazer a sua vida sejam bem recebidos". Uma
vontade que passa por esmagar a ideia de que os estrangeiros são fazedores de
problemas e que já implicou um aumento orçamental de "331 por cento" de 2002
para 2003. "Temos de ser rigorosos nas entradas, generosos no acolhimento",
opinou, lembrando que, por esta altura, já temos "cerca de 420 mil imigrantes
oriundos de 92 países".
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