Quase 1600 escolas primárias vão ser
fechadas no fim deste ano lectivo,
«ultrapassando largamente» o
número inicialmente previsto pelo
Ministério da Educação, que apontava
para apenas meio milhar. O critério
de selecção é «injusto» e
«prejudicial», queixam-se os
sindicatos de professores.
O Norte
e o Centro do país serão os mais
afectados, com cerca de 900 e 500
escolas, respectivamente, a serem
encerradas em Setembro. Os dados
foram avançados pelos sindicatos de
professores das duas regiões, que
consideram estes números «um
exagero».
«Parece que se entusiasmaram»,
critica o coordenador do Sindicato
de Professores do Centro (SPC), Luís
Lobo. «Há concelhos que vão ficar
praticamente sem escolas».
Segundo
as Direcções-Regionais de Educação (DRE),
em Lisboa serão suspensas 96
escolas, no Alentejo 60 e no Algarve
16. Ao todo, 1572 escolas primárias
vão ver as portas fechadas.
Para
uma escola encerrar, basta o número
de alunos ser inferior a 20 ou a
taxa de aproveitamento ser inferior
a 89 por cento, explicam as DRE,
garantindo que a «grande
prioridade» é dar às crianças
«melhor qualidade educativa».
Quem
discorda são os sindicatos dos
professores. «Há escolas viáveis
que, só por terem um aluno a menos,
vão ter de fechar», alerta Luís
Lobo. «Muitos miúdos de seis e
sete anos vão ter de acordar às seis
da manhã para fazerem viagens de
mais de uma hora até à escola. Será
isso melhor qualidade?»,
questiona.
Outra
das críticas vai para a recolocação
dos professores. As DRE garantem que
os docentes «não vão ficar em
situação complexa», sendo sempre
colocados noutros estabelecimentos
de ensino. No entanto, os sindicatos
dos professores sublinham que «as
condições e locais onde as
recolocações vão ser feitas é que
ninguém ainda sabe».
Os pais
também têm demonstrado a sua
apreensão. Mas, «se forem
asseguradas as condições de
transporte, ATL, regime normal de
horários e alimentação», ninguém
«fica contra», explica o
director da Confederação Nacional de
Associações de Pais (CONFAD), Albino
Almeida. No entanto, as condições
«ainda não estão criadas em muitas
escolas», embora a «Sra.
Ministra prometa rever todos os
casos».
Os sindicatos acusam o Ministério da
Educação de só ter «preocupações
de ordem financeira», e de não
ter pensado «nos aspectos
sociais». «Não há medidas
economicistas que resolvam os nossos
problemas da educação», conclui
o coordenador do SPC