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Público - 14 Fev 06
Finanças contestam projecções sobre pensões em 2050 Fernando Teixeira
dos Santos diz que os cálculos da Comissão são muito
simplistas
O ministro das Finanças, Fernando
Teixeira dos Santos, desvalorizou ontem as
projecções da União Europeia (UE) que apontam
Portugal como o país da zona euro que maior
derrapagem orçamental terá devido ao aumento dos
custos da pensões resultante do envelhecimento da
população.
Para o ministro, estas projecções, que dão conta de
um aumento das despesas com as pensões em Portugal
no equivalente a 9,78 pontos percentuais do Produto
Interno Bruto (PIB) em 2050 face ao valor de 11,1
por cento de 2004, são "muito simplistas,
nomeadamente ao admitirem o pressuposto de que não
há mudança de políticas".
Teixeira dos Santos, que falava à entrada de uma
reunião dos seus pares da zona euro, ao fim da
tarde, em Bruxelas, considerou que as reformas
realizadas no âmbito da sustentabilidade da
segurança social e os movimentos migratórios podem
atenuar as projecções. Mesmo assim, o ministro
reconheceu: "[A pressão sobre as finanças públicas
resultante da evolução demográfica] é um problema
para o qual temos de estar atentos e face ao qual o
Governo tem vindo a tomar medidas importantes."
As projecções contestadas constam de um relatório
elaborado pelo comité de política económica da UE,
que será hoje aprovado pelos ministros das Finanças
dos Vinte e Cinco. O estudo alerta para os riscos de
a UE se afastar progressivamente do seu crescimento
económico potencial, estimado em 2,2 por cento,
devido ao envelhecimento da população. Este risco,
em conjunto com o aumento das despesas públicas com
as pensões e com os cuidados de saúde, incluindo com
os idosos cujo número crescerá fortemente ao longo
do período em análise, provocará uma pressão
importante sobre as despesas públicas
especificamente ligadas a este fenómeno. Com um
aumento projectado destas despesas de 9,7 8 por
cento do PIB, Portugal tem o pior resultado da zona
euro e o segundo pior da totalidade dos Vinte e
Cinco, apenas ultrapassado pelos 11,8 por cento
previstos em Chipre.
Para Teixeira dos Santos estas projecções não podem
ser assumidas tal como estão e terão de ser
encaradas "com muita cautela e reserva". Isabel
Arriaga e Cunha, Bruxelas
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