|
Público - 15 Fev 06
Ministro diz que todas as prestações sociais têm que ser revistas
Eunice Lourenço Sustentabilidade da Segurança Social exige alterações
estruturais, sustentou no Parlamento Vieira da Silva
O ministro do Trabalho e da
Solidariedade Social, José António Vieira da Silva,
disse ontem que é preciso "assumir sem
constragimentos uma política de diferenciação" e que
"todas as prestações sociais têm de ser revistas à
luz da sua eficácia social". Vieira da Silva falava
numa reunião com as Comissões Parlamentares de
Orçamento e Finanças e de Trabalho, marcada para
debater a sustentabilidade de Segurança Social.
Manifestando-se satisfeito com os resultados do
exercício de 2005, em que a Segurança Social
conseguiu um saldo positivo, o ministro admitiu,
contudo, que têm de ser tomadas medidas estruturais
para garantir a sustentabilidade do sistema, porque
"com o actual financiamento e a actual estrutura de
despesa, o desequilíbrio é certo, seja em 2015, 2017
ou 2014".
Por um lado, a revisão das prestações, que deve ser
feita no sentido de que só sejam dadas a quem
realmente precisa. O ministro deu como exemplo o
subsídio de desemprego, cuja revisão tem vindo a ser
discutida na concertação social. Por outro, devem
também ser feitas alterações do lado da receita,
admitindo o ministro que é preciso "reanalisar as
fontes de financiamento".
Vieira da Silva afastou qualquer hipótese de aumento
das contribuições ou de aplicar uma taxa sobre o
valor acrescentado das empresas (como o PCP e o BE
têm vindo a propor), preferindo falar numa
"combinação que mantenha o referencial salarial" e
acresça financiamento oriundo do Orçamento do
Estado. Mas não de impostos específicos, porque "têm
efeitos perversos". A aposta será também no
"acréscimo da eficácia contributiva", com a revisão
do sistema de isenções e da acumulação de pensões de
reforma antecipada com o rendimento de trabalho.
Em relação às reformas antecipadas, cujo regime está
suspenso até ao fim deste ano, o ministro salientou
a necessidade de promover o envelhecimento activo,
até porque, disse, muitos caos de reforma antecipada
não são por vontade dos próprios trabalhadores.
Certa será também a antecipação da entrada em vigor
da nova forma de cálculo das pensões, tendo Vieira
da Silva dito que "até meados deste ano haverá uma
decisão" sobre a forma como será feita essa
antecipação.
O ministro defendeu também que se deverá "caminhar
para um sistema de actualização de pensões baseado
em indicadores firmes". Ou seja, um sistema em que
os aumentos não estejam dependentes do ciclo
político, mas sejam feito de acordo com indicadores
que garantam a sua sustentabilidade.
"Estamos a estudar o problema. Não estamos ainda a
negociar" - foi assim que o ministro Vieira da Silva
respondeu às perguntas dos deputados sobre a
eventual integração dos fundos de pensões de bancos
na Segurança Social. Começando por explicar que
alguns bancos já decidiram integrar os seus novos
trabalhadores no regime geral da Segurança Social, o
ministro disse que "há uma dimensão da protecção
social dos bancários que é da exclusiva
responsabilidade das instituições bancárias", que é
a responsabilidade com os que já são pensionistas.
Quanto aos que estão no meio - trabalhadores no
activo, cujos descontos vão para os fundos de
pensões - "tem havido contactos com algumas
instituições e até com sindicatos no sentido de o
modelo que se aplica aos novos trabalhadores se
aplicar aos restantes", mas é um "problema complexo
do ponto de vista técnico". A vir a concretizar-se a
passagem de uma parte dos fundos, "qualquer operação
financeira não será levada em consideração para
efeitos de consolidação das contas públicas" e
haverá um "cuidado extremo para garantir que a
sustentabilidade da Segurança social não é
afectada". E.L.
[anterior] |