Expresso - 19 de Janeiro
Meio milhão de casas vagas
EM PORTUGAL, 547 mil das 5.044.919 habitações recenseadas no ano passado
estão vagas, ou seja, 11% do parque habitacional português. E quase um
milhão (929.936) são de uso sazonal. Segundo os resultados provisórios do
IV Recenseamento Geral da Habitação, divulgados quinta-feira pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE), a quase totalidade dos
alojamentos vagos (para demolir ou disponíveis para venda/aluguer)
situa-se no continente (527.826), com relevância para as regiões de Lisboa
e Vale do Tejo (197.863) e Norte (167.993). Recorde-se que nesta semana
iniciou-se em Lisboa o processo de emparedamento dos prédios devolutos.
Assim, apenas 3.567.983 do total de alojamentos estão ocupados como
residência habitual. Facto que indica um aumento da importância dos
alojamentos de residência secundária ou vagos em Portugal, que
representavam em 2001 cerca de 29%. Recorde-se que em 1991 as casas de uso
sazonal ou vagas representavam apenas 26% do parque habitacional português
(contra 18% em 1981).
O INE passou a pente fino 99,5% dos alojamentos familiares existentes em
Portugal, estimando-se que ficaram por recensear cerca de 0,3% do total de
edifícios.
Na Região Autónoma dos Açores, onde se registou a melhor cobertura,
ficaram por recensear apenas 0,1% dos fogos. Neste arquipélago, 9208
alojamentos, entre 93.026 recenseados, encontram-se vagos, contra 9966 de
um total de 94.880 na Região Autónoma da Madeira.
Nas demais regiões, encontravam-se vagos no momento do recenseamento
97.235 alojamentos na região Centro, 38.651 no Alentejo e 26.084 no
Algarve
. Nos últimos dez anos, assistiu-se, paralelamente, a um forte crescimento
da importância dos alojamentos sazonais, que superou o aumento registado
nas habitações vagas.
Segundo o INE, os maiores aumentos do peso dos alojamentos de uso sazonal
verificaram-se no Algarve, Alentejo e em alguns concelhos do interior
Centro e Norte.
Em seis concelhos, as habitações secundárias representam mais de metade do
parque habitacional: Albufeira e Vila Real de Santo António, no Algarve;
Sabugal, Góis, Pampilhosa da Serra, na região Centro; e Mértola, no
Alentejo. Fenómeno que também se verifica noutros concelhos e que indicia
uma transferência de formas de ocupação. Ou seja, a transformação de casas
vagas em habitação sazonal.
Parque habitacional rejuvenescido
A idade do parque habitacional foi outro item retratado pelo IV
Recenseamento Geral. A análise territorial do índice de envelhecimento
permite, segundo o INE, «evidenciar uma clara oposição entre o interior
mais envelhecido (com especial enfoque para o Alentejo) e o litoral, área
privilegiada pela construção nos últimos anos e, portanto, com um parque
habitacional mais recente».
De acordo com as estatísticas oficiais, estão patentes os fenómenos de
suburbanização nas regiões metropolitanas lideradas pelos pólos Lisboa e
Porto, através da expressão das dinâmicas de construção recente nos
concelhos que os envolvem. «O que se traduz em valores reduzidos no índice
de envelhecimento do parque habitacional», diz o INE.
Assim, do total de edifícios existentes em 2001, cerca de um quinto foram
construídos após 1991, «patenteando a significativa expansão construtiva
da última década».
O rejuvenescimento do parque habitacional contrasta com o forte
envelhecimento da população. Em 2001 a população jovem diminuiu cerca de
16%, enquanto a população idosa aumentou 26,8%. Já os edifícios
construídos antes de 1945 assumem uma proporção idêntica aos construídos
na última década.
Assim, dos 3.149.973 edifícios existentes em Portugal, 1.187.423 foram
construídos de 1971 a 1990, e 599.132 nos últimos dez anos. Em termos de
antiguidade, o peso maior é dos edifícios construídos entre 1946 e 1970
(740.495). Em todo o país, 325.280 edifícios têm idade entre 57 e 83 anos,
e 287.643 já ultrapassaram os 83 anos. Destes, 100.591 estão situados no
Norte, 64.177 no Centro, 52.117 no Algarve e 41.026 no Alentejo.
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