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Comércio do Porto - 03 Jan 03
Em 2002 nasceram menos crianças e morreram mais pessoas
Divórcios disparam em 2002 enquanto a natalidade desce
Presidente da associação das famílias numerosas critica discurso
"desastroso" da política a favor das uniões de facto
Arnalda Barbosa
O número de divórcios realizados em Portugal entre Janeiro e Setembro do ano
passado quase duplicou em relação a igual período de 2001.
A culpa poderá estar, entre outras razões, "no discurso
desastroso das instituições do Estado que fazem a
apologia das uniões de facto". O comentário é de Fernando
Castro, presidente da direcção da Associação Portuguesa
de Famílias Numerosas.
Nos primeiro nove meses de 2002 os divórcios atingiram os 20.450, contra os
13.122 de 2001. Quanto aos casamentos, o Instituto Nacional de
Estatística registou uma ligeira descida, na ordem dos
3,5 por cento. É que nos primeiros três trimestres do ano
passado celebraram-se 45.005 casamentos, contra os 46.621
de 2001.
Fernando Castro apontou o dedo à política sobre a família que tem sido
levada a cabo, que preconiza, segundo disse, as uniões de facto.
Rejeitando liminarmente este tipo de relação, este engenheiro já com um
considerável número de anos de matrimónio, afirmou ao COMÉRCIO que "em
caso algum aconselharia um divórcio", antes ajudaria a
resolver os problemas.
Afinal esta uma das tarefas a que se dedica com a esposa vai para alguns
anos.
"Os divórcios são maus para os próprios, que não são felizes, e portanto
também não dão felicidade; depois, não é uma mais-valia para a
sociedade".
Fernando Castro referiu que "o maior número de divórcios dá-se nos estratos
médio-alto", sendo o pico nos casais com um filho. "A seguir vêm os
casais sem filhos e aqueles que têm dois são metade dos
que tem apenas um filho".
As separações entre casais com três ou mais filhos "é residual".
Preparar o casamento
Preocupado com esta realidade, Fernando Castro preconiza uma melhor
preparação para o casamento, contrariando a ideia já muito generalizada
do "vamos a ver se dá".
Depois, as críticas voltam-se novamente para o Estado. E isto porque são
dadas bonificações nos impostos a quem se divorcie. "A fiscalidade diz:
não se casem e se se casarem divorciem-se, não tenham
filhos e liguem-se à internet".
Se a componente religiosa é um factor de grande peso na manutenção de um
casamento, Fernando Castro acredita que para além deste "acto de fé", "as
pessoas têm de estar melhor esclarecidas sobre o que é o casamento e
terem, especialmente os jovens, um maior sentido de
compromisso e do risco"².
Busca do bem comum
Muito importante ainda: "deve haver mais respeito por si próprio e pelo
outro".
A busca do bem comum, envolvida pelas componentes do amor e do entendimento
são outras receitas para um casamento melhor sucedido.
Fernando Castro deu especial ênfase à formação conjugal nas associações de
famílias e contrariou a acção dos gabinetes de mediação familiar que
"ajudam ao divórcio" quando deviam pugnar pelo
entendimento conjugal.
Para além das questões sociais inerentes aos divórcios, Fernando Castro
lembrou ainda que a "incidência de problemas juvenis em famílias
desestruturadas é quatro a oito vezes superior" à registada nas familías
constituídas.
Natalidade desceu
Entre Janeiro e Setembro de 2002 nasceram menos 1,5 por cento crianças do
que em igual período de 2001. Naquele período do ano passado ocorreram
84.400 nascimentos enquanto que em todo o ano de 2001registaram-se
112.774 nados-vivos. Contrariando esta tendência o número
de óbitos poderá subir.
Igualmente apreensivo com estes número, Fernando Castro sublinhou que
Portugal "tem um défice de 760 mil crianças com idade média de 8,5 anos",
o que na sua opinião não é bom para a sociedade.
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