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Público - 23 Jan 03
Governo Pediu à Alta-Autoridade Que Se Pronuncie Sobre Nova Vaga de Programas
de TV
O Governo solicitou ontem à Alta Autoridade para a Comunicação Social que se
pronuncie, com a maior brevidade, sobre programas como Bombástico e Terça em
Grande, da SIC, e Confesso, da TVI. E lembrou que cabe ao Estado "definir as
regras [do sector], alterando-as quando necessário".
O ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, anunciou o pedido à Alta
Autoridade ontem, no final da conferência internacional "Violência, Televisão e
Sociedade", dizendo que ele se refere a programas que estrearam recentemente ou
se preparam para aparecer na televisão e que considera preocupantes. O
governante que tutela a comunicação social condenou os programas que "fazem a
apologia da violência, da denúncia, da vingança e do boato", pondo "em causa a
protecção do interesse público" e das "camadas mais sensíveis" de
telespectadores.
Morais Sarmento sublinhou que "não cabe ao Governo dizer que programas devem
estar na TV", mas que, dada a "violência física e psíquica" que prolifera na
televisão, o Estado deve ter "capacidade de definir comportamentos e definir as
regras [do sector], alterando-as quando necessário".
O governante deixa nas mãos da Alta Autoridade a decisão das medidas a tomar,
sustentando que "cabe à entidade reguladora definir os limites" da programação
televisiva. Porém, apelou a uma adequação dessas medidas "as condições das
licenças" dos operadores. E contou, para dar um exemplo, que, em Israel, "a
entidade reguladora interrompeu, em directo, uma comunicação do
primeiro-ministro durante a campanha eleitoral por tê-la considerado ilegal
naquele período".
O ministro lamentou a criação de "hábitos de progressiva permissividade", que
acabaram por esvaziar as sanções previstas na lei - a par de um problema na área
de regulação, protagonizada por diversas entidades e dispersa em dez diplomas
legais distintos.
Assim, Sarmento considera que juntamente com uma nova "ética de antena" e "leis
mais claras e apertadas", "é altura de um debate sobre regulação", que leve à
criação de uma única entidade reguladora para o sector. E.V.
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