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Público - 13 Jan 04
Internet Acusada de Fomentar Pornografia Infantil
Por S.R.
Os crimes ligados à pornografia infantil aumentaram 1500 por cento nos
últimos 13 anos devido aos computadores e à Internet, revela um estudo de
uma organização britânica não governamental de defesa das crianças. A
National Children Homes (NCH) acredita que a terceira geração de
telemóveis vai agravar a situação.
Em 2001 foram detectados ou acusados de aceder a imagens de pornografia
infantil 549 indivíduos, o que representa um aumento de 1500 por cento
face aos 35 registados em 1988, indica o estudo da NHC, intitulado
"Pornografia Infantil, Abuso de Crianças e a Internet", ontem divulgado.
O relatório indica que a Internet permitiu um aumento enorme no volume de
imagens que podem ser vistas e coleccionadas, considerando que esse acesso
funcionou como "um detonador crucial para alguns homens abusarem
sexualmente de crianças".
O mesmo estudo constata que a pornografia infantil "online" cresceu como
negócio. "A crescente procura tornou a ponografia infantil num grande
negócio e as consequências para as crianças em todo o mundo são
horríveis", afirmou o autor do estudo, John Carr, citado pela Reuters.
"Na era pré-Internet, se você queria ter acesso a imagens de abusos
sexuais a crianças, isso era uma coisa difícil. A Internet mudou tudo,
completamente. As pessoas que têm um interesse reprimido ou latente têm
agora um mecanismo... acham que a Internet é anónima", disse John Carr à
BBC Radio Live Five.
A terceira geração de telemóveis, que permite ver imagens de vídeo,
suscita alguma preocupação, já que favorece o anonimato. "A Internet está
prestes a tornar-se móvel, o que pode tornar [o crime] mais difícil de
prevenir ou detectar", afirmou John Carr.
Por outro lado, a NHC considera que o envolvimento do crime organizado em
produzir e distribuir pornografia infantil na Web significa que mais
crianças serão abusadas no futuro.
John Carr apelou à industria da Internet para melhorar as soluções
técnicas com vista a evitar o acesso a imagens de abusos sexuais de
crianças. O autor do estudo considera que é necessária uma abordagem
internacional concertada à pornografia infantil e exortou os Estados
Unidos em particular - de onde são originais muitas imagens sexuais com
crianças - a atribuir mais recursos para combater o problema.
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