Zenit - 15 Jan 09

 

Meios de comunicação, novos (des)educadores
Conferência de Norberto González no Congresso da família

 

O trabalho educativo da família está sendo suplantado ou complementado cada vez mais pelos meios de comunicação, explicou Norberto González Gaitano, doutor em jornalismo, no segundo dia do Congresso Teológico Pastoral do VI Encontro Mundial das Famílias.

 

O antigo decano da Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, dedicou sua intervenção ao tema “A família e os meios de comunicação”.

 

A análise do professor de Opinião Pública serviu para fundamentar sensações dos participantes no congresso: a decisiva influência que os meios de comunicação têm na educação das crianças e jovens.

 

Chegou a uma conclusão clara: não se trata de condenar a mídia, mas de aprender a discernir.

 

O catedrático iniciou sua exposição constatando que uma criança norte-americana vê quase oito horas diárias de televisão.

 

A respeito dos novos meios que a tecnologia oferece (desde a web e o ipod, iphone, skype...) esclareceu que “em si mesmos, não são bons nem maus, mas cada novo meio de comunicação introduz uma ganância cultural e implica simultaneamente uma perda, como mostrou Marshall McLuhan”.

 

Assim, por exemplo, disse, “a imprensa levou a leitura a todos os extratos sociais e possibilitou o ensino universal obrigatório; por sua vez, obscureceu toda uma cultura oral com sua enorme riqueza; a televisão mudou o modo de imaginar, de aprender e de pensar da geração audiovisual; assim como a internet está mudando os hábitos de consumo dos meios e os circuitos mentais da geração digital”, explicou o professor.

 

Constatou como “cada geração tem de aprender a incorporar estes avanços, ainda que às vezes paguem um alto preço, como nos EUA, onde as crianças diagnosticadas com desordem de déficit de atenção eram 150 mil em 1970 e em 2000 eram 6 milhões”.

 

“Se bem que a televisão não é a única responsável pela mudança, pois também influem outros factores, como a desestruturação da família (aumento de divórcios, trabalho fora do lar dos cônjuges, etc.), o certo é que os pediatras e especialistas que aconselham pouca ou nenhuma televisão obtêm melhoras notáveis na conduta dos pequenos acometidos dessas disfunções”, afirmou o especialista espanhol.

 

Gaitano mostrou como os conteúdos de violência promovem comportamentos violentos, e propôs ao auditório numerosos exemplos extraídos de pesquisas académicas.

 

“A nova identidade cultura que a mídia está propagando se caracteriza pela banalização da morte e da sexualidade, assim como pela comercialização do erotismo”, afirmou.

 

Diante desse panorama, o professor questionou se a mídia vai procurar um mundo feliz, e respondeu citando uma frase de Albert Einstein: “o problema não é a bomba atómica, o problema é o coração dos homens”.

 

“Não se trata –assegurou– de condenar os meios de comunicação, mas de aprender a discernir acerca deles”.

 

Finalizou dizendo que o desafio para os pais de família encontra-se em responder à emergência educativa de que fala Bento XVI.

 

Cada geração apresenta um novo desafio para a família. Nesta geração, o desafio está em ensinar a discernir frente à poderosa maquinaria dos meios de comunicação de massa, afirmou.