12 de Julho de 2000 - Público
Governo quer aumentar capacidade de acolhimento de
crianças até 2006
Creches com o Dobro das Vagas
Por PATRÍCIA COELHO MOREIRA
O primeiro-ministro, António Guterres, apresentou ontem no concelho
de Águeda o Programa Creches 2000. E foi uma
"instituição modelo", o Centro Comunitário de Recardães,
estrutura que o chefe do Governo inaugurou na companhia
do ministro do Trabalho e da Solidariedade, Ferro Rodrigues, e do
secretário de Estado da Reinserção Social, Rui Cunha,
que o Governo escolheu para explicar "um
programa nacional da maior importância". O Creches 2000 tem
como objectivo estratégico uma maior capacidade de respostas sociais
para crianças até aos três anos de idade, bem como a
qualificação das soluções já existentes,
prevendo a criação de 50 mil novas vagas e o acolhimento
efectivo de 100 mil crianças.
De acordo com o previsto, o programa pretende dar prioridade a
situações sociais de risco, beneficiários do
Rendimento Mínimo Garantido, crianças acompanhadas
pela Comissão de Protecção de Menores ou famílias monoparentais.
Em termos geográficos, Aveiro, Faro, Lisboa, Porto e Viseu são
os distritos de maiores necessidades neste momento, pelo que o programa
só se prolongará aos restantes distritos numa fase
posterior.
O programa apresentado pelo Governo tem como metas previstas para o
ano de 2006 um aumento da capacidade de
acolhimento de crianças, de 53 para 103 mil lugares,
bem como da cooperação com a rede social do país, o que significa
um aumento de 18,9 para 46 milhões de contos de
investimento.
No que diz respeito ao tratamento fiscal, a proposta passa,
designadamente, pelo estímulo à iniciativa
privada e pela promoção e qualificação de amas, cujos
gastos as famílias poderão deduzir no IRS, enquanto despesas de
educação. O Creches 2000 prevê ainda o envolvimento
das autarquias e o aumento da capacidade de
resposta por parte dos centros regionais de Segurança
Social.
Este programa, definido pelo primeiro-ministro com base em
"quatro estratégias - de apoio à criança, à família, ao
emprego e à igualdade entre homens e mulheres" -, é assumido como
um "desafio estratégico que conta com a
conjugação de esforços e cooperação, em torno dos primeiros anos de
vida, que são fundamentais", salientou Rui
Cunha.
Segundo o secretário de Estado, o projecto surge no decorrer de
"uma política de reforço da protecção social no país, com
destaque para a formação e direitos das
crianças e dos jovens". É assim que a partir de medidas
como o aumento do número de lugares nas creches ou a qualificação do
pessoal responsável, o Governo pretende alcançar o
objectivo central de "combater formas de
afastamento e promover a inclusão", referiu ainda Rui Cunha.
A questão das parcerias foi também frisada por Ferro Rodrigues.
"A cooperação é a aposta para a
resolução dos problemas sociais", afirmou o ministro
da Solidariedade. E o Estado "tem tentado melhorar a sua capacidade
de resposta", continuou, fazendo referência a
"a um aumento de 35 por cento do número de
utentes apoiado, desde 1995".
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