Público - 1
2 Jul 05
Mais tempo de estudo e
apoios extra melhoram resultados
Inquérito a
18 escolas
com base nas notas dos exames do 12.º ano
A grande maioria das escolas que tiveram notas mais altas nos exames
nacionais de Matemática do 12.º no ano passado e que mais progrediram
entre 2001 e 2004 tomou alguma iniciativa para melhorar o ensino da
disciplina. A aposta em tempos de aprendizagem e apoio complementares
foi uma das estratégias mais seguidas e que, segundo as próprias
instituições, contribuiu de forma relevante para uma subida dos
desempenhos.
As conclusões constam de um inquérito a 33 estabelecimentos de ensino
seleccionados num conjunto de 40: vinte deles com os melhores resultados
absolutos nos exames nacionais de 2004 e outros tantos que registaram a
maior progressão entre 2001 e 2004. O estudo, da autoria de Valadares
Tavares, presidente do Instituto Nacional de Administração, e André
Corrêa d"Almeida, docente da Universidade Católica Portuguesa, acabou
por contar com 18 respostas válidas.
"Em vez de ouvirmos os especialistas, quisemos ouvir os protagonistas do
sucesso e perceber o que explica que as escolas, de forma isolada, façam
esta trajectória", explicou ontem Valadares Tavares, durante a
apresentação dos resultados, na Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento, em Lisboa. A primeira conclusão, realçou , é que "em
todos os casos houve a assunção deste objectivo".
Assim, apenas em dois casos as escolas disseram não ter tomado qualquer
iniciativa para melhorar o ensino da Matemática. Determinar "tempos
complementares de aprendizagem" e "reuniões com professores" foram as
opções escolhidas por três em cada quatro estabelecimentos de ensino.
Outro dado revelado pelo estudo traduz-se no relativo isolamento das
escolas. Por exemplo, apenas 50 por cento disseram existir relações
frequentes de cooperação com entidades locais. No que respeita às
iniciativas específicas para a melhoria dos resultados em Matemática,
apenas cinco disseram ter havido apoio do exterior. E este apoio nunca
veio do Ministério da Educação ou da autarquia, mas de associações e
instituições privadas.
Também as associações de pais parecem arredadas da escola: "Em 89 por
cento dos casos, as escolas consideraram que nenhuma influência tiveram
para a obtenção de bons resultados"
Os autores do estudo tentaram ainda perceber, estatisticamente, quais as
variáveis que mais contribuíram para uma melhoria estável nos
resultados. Para além dos tempos de aprendizagem e apoio complementares,
também a mudança do método de ensino e o acompanhamento periódico,
incluindo reuniões com alunos, terão tido alguma influência. Já o
estatuto público ou privado, o rácio professores/alunos ou o meio social
e económico não se revelaram estatisticamente significativos.
Esta é outra das constatações realçadas pelos autores do estudo. Entre
as escolas analisadas, o meio social e económico heterogéneo é dominante
(44 por cento). No grupo das que mais progrediram existem escolas do
Norte e do Sul, das cidades e do interior - como a de Mértola, Viera do
Minho ou a Diogo de Gouveia (Beja). I.L.