«O modelo em vigor desde 2000, plasmado nas
Linhas Orientadoras de Educação Sexual em Meio Escolar, nega
aos pais a possibilidade de conhecer o que nestas áreas é
leccionado. E permite atentar contra valores que, em
consciência, defendem e desejam para os seus filhos»,
disse ao EXPRESSO um dos subscritores da queixa, que já
chegou às mãos de Nascimento Rodrigues.
«A educação sexual tem sempre uma opção de
natureza moral, do foro íntimo e do plano dos valores. O
Move representa pais que entendem ser seu direito educar os
filhos em matérias de foro íntimo, tais como a moral, a
religião ou a sexualidade. Não delegam em abstracto esse
direito em qualquer associação ou instituição», lê-se
num dos pontos da exposição, a que o EXPRESSO teve acesso.
Assim, dizem os pais do Move - uma associação nascida após a
polémica sobre os manuais escolares de Maio passado - ao
negar o direito à educação sexual segundo um determinado
padrão, põe-se em causa o direito a transmitir
«uma religião em plenitude». E mais à frente surge a
interrogação: «Poderemos admitir que um aluno
filho de pais agnósticos tenha na escola educação sexual que
define comportamentos sexuais como ‘pecado’? E que os pais
não se lhe possam opor?»
Porque há pais que não querem ou não podem explicar
questões de sexualidade, defende o Move, a escola deve
oferecer a disciplina a título opcional, como acontece com o
ensino da religião. Na carta que enviou ao provedor, a
associação enumera uma série de artigos da Constituição que
afirmam o pai e a mãe como primeiros educadores.
Confap dividida
«Na disciplina de Ciências Naturais, os
alunos já recebem informação sobre sexualidade. Por isso,
rejeitamos uma educação sexual obrigatória em contextos
morais», disse ao EXPRESSO um elemento da Associação de
Pais de jardins de infância e das escolas do 1º ciclo de
Fátima. Esta associação, que pediu à Confap (Confederação
Nacional das Associações de Pais) uma assembleia
extraordinária para definir «a posição oficial
da Confap em relação à educação sexual», alega que
muitas associações de pais «não se identificam
com as posições» do seu presidente.
«Não vamos fazer nenhuma assembleia porque
estas questões não se resolvem com votos. A posição
maioritária na Confap é a de que deve haver uma área
obrigatória de promoção para a saúde, onde obviamente
aparecerá a educação sexual», responde Albino Almeida,
presidente da cúpula das associações. No entanto, garante
que o Conselho Nacional de Educação e a comissão técnica
presidida por Daniel Sampaio - que está a avaliar o que foi
feito e irá propor um novo conceito - vão receber todas as
posições individuais e colectivas que chegaram à Confap.
«A última palavra cabe ao Ministério»,
conclui Albino Almeida.