SOL.pt - 20 Jul 07

 

Medidas de natalidade são «pacote de emergência»- Famílias Numerosas

Défice Demográfico

A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) considera que as medidas de apoio à natalidade, anunciadas por sócrates, são apenas um «pacote de emergência


José Sócrates anunciou hoje no Parlamento um programa de apoio à família e à natalidade, aumentando o abono de família para as crianças e criando uma nova prestação de apoio à gravidez.

As mulheres grávidas passarão a ter direito a seis meses de apoio financeiro adicional e o abono de família será duplicado nos segundos e terceiros anos de vida para os segundos filhos e triplicado para os terceiros e seguintes.

«Estas medidas mostram na prática que o primeiro-ministro está preocupado com o défice demográfico, mas são medidas de emergência que têm que ser aprofundadas», disse Fernando Ribeiro e Castro, presidente da APFN, congratulando-se por demonstrarem um apoio crescente às famílias numerosas.

«São as famílias com três ou mais filhos que podem contribuir para a média de 2.1» filhos por mulher em idade fértil, sublinhou.

Fernando Ribeiro e Castro aconselhou José Sócrates a aplicar ao défice demográfico a política que tem usado para as contas do Estado, sugerindo-lhe que divulgue o valor do défice demográfico actual, estabeleça quais os valores que quer atingir anualmente e defina medidas para atingir esses objectivos.

«Só assim as pessoas poderão avaliar se as medidas estão a ter resultados», disse.

O presidente da APFN considera que são necessários«fortes apoios financeiros» às famílias para que estas sintam que tem condições não apenas de ter os filhos, mas de os criar.

Um aumento ainda maior dos abonos, um sistema fiscal que«não seja frontalmente contra a família» ou a indexação das pensões de reforma ao número de filhos, são algumas das medidas sugeridas por Fernando Ribeiro e Castro que defende a aplicação em Portugal do modelo francês.

«É preciso que os apoios financeiros às famílias lhes permitam decidir livremente se querem colocar os filhos em creches ou se se querem desempregar ou trabalhar em part-time para tomar conta deles, como acontece na Europa onde as famílias são fortemente apoiadas», afirmou.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados a 11 de Julho revelaram que nos últimos 20 anos Portugal caracteriza-se pelo decréscimo da taxa de natalidade tendo passado de uma média de 12,2 para 10 crianças por cada mil habitantes.

Por outro lado, o INE revela que entre 1987 e 2006 as mulheres residentes em Portugal tiveram cada menos filhos e mais tarde.

Enquanto em 1987 a maioria das mulheres tinha filhos entre os 20 e 24 anos hoje é dos 25 aos 28 que se verificam os valores mais elevados das taxas de fecundidade.

Por outro lado, o número médio de filhos por mulher em idade fecunda passou de 1,41 em 1995 para 1,36 em 2006.

Com o decréscimo da taxa de natalidade e o aumento da longevidade a população portuguesa está a envelhecer tendo a proporção de jovens passado de 22 por cento em 1987 para 15 por cento em 2006.