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Diário de Notícias - 6 Mar 03
200 mil alunos precisam de ajuda
JOÃO FIGUEIRA
Cerca de 200 mil estudantes até aos 18 anos são alunos com necessidades
educativas especiais e 500 mil têm dificuldades de aprendizagem. O
universo vai da pré-primária ao secundário, num total que
ronda um milhão de alunos. Os números foram ontem
apresentados por Miranda Correia, professor do Instituto
de Estudos da Criança, da Universidade do Minho, para quem o
modelo educativo está longe de responder às exigências e diversidade de
questões que lhe são colocadas.
Perante 1700 pessoas que até amanhã participam, em Leiria, no III Congresso
da Cercilei dedicado a «Pensar a diferença... acreditar em valores,
enriquecer competências», Miranda Correia alertou para a especificidade
das «dificuldades de aprendizagem que representam uma
problemática», uma vez que, sublinhou, elas «não são uma
consequência de qualquer insuficiência, seja ela motora,
auditiva, visual ou mental».
Pelo contrário, «30 a 40% desses jovens são hiperactivos com desordem da
atenção e outros têm problemas de comportamento», disse o investigador
que situa no foro neurológico a explicação para estes
casos.
Miranda Correia criticou, ainda, o panorama da educação especial,
classificando a situação como «caótica». O cenário, disse, «tem vindo a
piorar, pois não há respostas para os alunos com necessidades educativas
especiais».
No Congresso, Laborinho Lúcio, do Supremo Tribunal de Justiça, propôs que se
olhasse o sistema a partir dos direitos de cada criança, «enquanto ser
autónomo e completo», em vez de olharmos para ela a partir dos direitos
do adulto. «Há que colocar a criança no centro das
atenções», disse o antigo ministro da Justiça.
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