Público - 28 Mar 03

Dados da PSP Revelam Que o Crime violento cresceu 15 por cento em 2002
Por ANTÓNIO ARNALDO MESQUITA

Houve um crescente recurso a pistolas, revólveres e caçadeiras de canos serrados nos actos criminosos participados à PSP no ano passado, de acordo com um balanço desta força de segurança. O documento revela que se manteve a tendência para o crescimento do grau de violência da sociedade urbana e que o crime violento registou uma taxa média de crescimento anual de 15 por cento, ao passo que o furto de veículos também registou um significativo acréscimo seja para a logística de alguns bandos, seja para o tráfico internacional de viaturas.

Segundo a PSP, o recurso a armas de fogo foi referenciado nos roubos a pessoas e em residências, em assaltos a bancos e estabelecimentos comerciais(lojas de telemóveis e bombas de gasolina) e em intervenções com as autoridades policiais. A obtenção destes arsenais tem sido consumada através do furto/roubo, delitos que sofreram um acréscimo de 17 por cento no caso das armas de defesa e de 27 por cento nas armas de caça.

Além do tráfico de armas ilegais provenientes do estrangeiro, o relatório da PSP destaca a existência de "inúmeros artesãos" que, clandestinamente, se dedicam a adaptar pistolas de alarme e de gás em armas de fogo de calibre 6,35 milímetros. E alude igualmente à existência de um mercado ilícito de armas de origem ilícita por parte de cidadãos para as usar como armas de defesa, mas também de delinquentes que se interessarão cada vez mais por armas mais sofisticadas.

O relatório da PSP admite que pode continuar a aumentar a tendência de os autores de crimes se deslocarem a locais distantes da sua residência para os consumar. O chamado crime pendular, "com origem na sua maioria na margem Sul do Tejo", poderá, aliás, ser uma explicação para a inversão de uma tendência de diminuição de ocorrências que se vinha verificando no distrito de Lisboa.

A PSP destaca ainda a grande mobilidade patenteada por grupos que se dedicam a assaltos a postos de revenda de combustíveis, a lojas de aparelhos de telecomunicações e informáticos e grandes superfícies. O telemóvel lidera o rol de artigo mais furtado e a PSP reconhece que assume maior relevância a criminalidade praticada em contexto grupal, com uma crescente especialização dos autores nos vários momentos do acto criminoso: preparação, segurança das operações e divisão de tarefas. A PSP tem detectado alguns casos de destruição de vestígios , consumados pela incineração de viaturas.

Relativamente à delinquência juvenil, a PSP considera que este comportamento desviante se caracteriza por um forte espírito grupal e deriva de "um relativo abandono afectivo e familiar dos menores em tenra idade". Outras causas para as conduta ilícitas dos menores de 16 anos são o abandono escolar, a inactividade, além de razões económicas, desmotivação e a revolta". O relatório anual da PSP alerta para os casos cada vez mais frequentes de jovens envolvidos nas redes de tráfico de droga como correios, vigilantes e na venda de pequenas quantidades de droga. O tráfico de droga está a deslocalizar-se para locais mais ou menos distantes de habituais centros de comércio ilícito de estupefacientes e a PSP não esconde a sua preocupação face ao aumento do consumo de droga em meio escolar, em que é introduzida e transaccionada por alunos do estabelecimento.

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