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Público - 11 Mar 03
"Frequentes Equívocos Que Convém Prevenir"
Nas Considerações Finais do Trabalho Sobre Assimetrias Regionais do Desempenho
Educativo, Os Autores Aproveitam para Lembrar Que, "Infelizmente, o Debate Sobre
o Tipo de Análises Aqui Apresentadas Suscita, no Nosso País, Frequentes
Equívocos Que Convém Prevenir".
São Eles:
1. "Não é conveniente comparar níveis de resultados, pois piora as escolas que
já estão mal."
A educação é um serviço distribuído através de uma rede vasta e disseminada
espacialmente, pelo que, como qualquer outro serviço, não pode ser melhorada sem
análises comparativas de desempenho. Aceitar 1. significa estagnação, o que
prejudica principalmente os alunos e as escolas mais desfavorecidas.
2. "A oferta educativa não pode corrigir ou compensar as assimetrias sociais e
económicas, pelo que obter piores resultados significa não haver condições."
Esta observação é rejeitada pelas análises apresentadas, as quais mostram ser
muito elevada a variação de resultados dentro das mesmas classes de concelhos.
As escolas mais mal "cotadas" não são as que têm piores condições e vice-versa,
refere o coordenador do estudo, Valadares Tavares.
3. "As condições sócio-económicas não determinam os resultados educativos, pelo
que não os influenciam."
Este equívoco resulta de não se conhecer o significado do termo "determinar",
apesar de ser definido claramente pelos dicionários da língua portuguesa:
"Estabelecer ou fixar de modo definitivo", Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo 2001. Na verdade,
verifica-se sim, que o contexto sócio-económico explica menos de 40 por cento da
variância, pelo que não determina resultados, mas está com eles correlacionado.
Entretanto, para certas descrições como os extremos superiores no desempenho da
Matemática, existem regressões com percentagem de variância explicada pelo
contexto bem superior a 40 por cento.
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