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Diário de Notícias - 14 Mar 03
Fraudes no recorrente podem retirar 2100 alunos do superior
JOÃO PEDRO OLIVEIRA
Um em cada quatro alunos que este ano lectivo ingressaram nas universidades e
politécnicos através do ensino recorrente pode perder o direito à vaga
conquistada. Na maioria destes casos _ 62 % _ trata-se de estudantes que
frequentam o ensino superior público.
Analisados os processos de candidatura dos quase oito mil estudantes que
entraram no ensino superior por esta via (metade no público, outros tantos no
particular e cooperativo), a Inspecção Geral de Educação concluiu que apenas
cerca de 5900 estão legais . Todos esses casos constam já de uma listagem
publicada no site da Direcção Geral do Ensino Superior (desup.min-edu.pt). O
mesmo será dizer que os restantes 2100 (cerca de 26 por cento do total) não
conseguiram comprovar a regularidade da sua candidatura dentro do prazo previsto
,podendo agora ter de abandonar os cursos em que ingressaram.
Ao que o DN apurou, a listagem está ainda a ser actualizada, mas o processo só
terá expressão no ensino particular e cooperativo, onde mais de uma centena de
alunos verão a sua matricula desbloqueada. Mesmo tomando em conta esta redução,
o número de situações de fraude deve atingir os 800 casos nas instituições
privadas e os 1300 nas públicas.
De acordo com o Ministério da Educação, as matrículas que ainda não foram
desbloqueadas não correspondem necessariamente todas a situações ilegais,
podendo existir alguns casos de alunos que apenas não conseguiram comprovar
atempadamente a regularidade do seu processo. Para esses casos, o alargamento do
prazo pode ainda ser uma hipótese.
MEDIDAS. Embora o Ministério da Educação não tenha ainda tornado públicos os
dados finais das investigações, o secretário de Estado da Administração
Educativa confirmou já que estes alunos vão mesmo perder a sua vaga no ensino
superior. Considerando ser «imperativa a reposição da verdade», Abílio Morgado
afirmou em Fevereiro no Parlamento que essas vagas serão preenchidas pelos
alunos que foram prejudicados por este processo.
Quanto às escolas secundárias envolvidas nas fraudes, o secretário de Estado
afirmava em Fevereiro que 50 estavam sob investigação, mas fonte do ministério
reconheceu já que esse número é agora muito superior. Para as escolas privadas,
Abílio Morgado afirmou que as sanções podem chegar à perda do paralelismo
pedagógico, ou seja, do reconhecimento da validade do seu ensino. Além disso,
adiantou, pode ainda haver lugar à instauração de processos disciplinares aos
directores pedagógicos das instituições.
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