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Público - 15 Mar 03
Centenas de Secundárias Públicas Investigadas por Causa do Recorrente
Por ISABEL LEIRIA
Não são 10, nem 20, nem 50 - como anunciou no mês passado o secretário de Estado
da Administração Educativa - as escolas com ensino secundário recorrente que
estão a ser alvo de investigação por parte do Ministério da Educação. O PÚBLICO
apurou que, neste momento, várias centenas de estabelecimentos de ensino
públicos estão sob suspeita de terem sido cúmplices na utilização irregular
desta modalidade especial de estudo.
Com as investigações a decorrer, não se sabe ainda quantas virão a ser
penalizadas. Mas sabe-se que a punição pode ir desde a instauração de processos
disciplinares aos directores pedagógicos das escolas até à retirada do
paralelismo pedagógico. Esta medida aplica-se às escolas privadas e leva a que o
ensino aí ministrado deixe de ser oficialmente reconhecido.
Para além da investigação sobre os estabelecimentos de ensino, também os
processos de todos os alunos (mais de oito mil) que este ano entraram no ensino
superior, público e privado, através do recorrente - concebido como uma segunda
oportunidade para quem não concluiu a escolaridade na idade própria e não como
uma porta mais fácil de acesso à universidade - estão a ser passados a pente
fino.
A maioria (5800) destes estudantes já foram avisados que o seu percurso escolar
não continha "irregularidades, ou, existindo, foram consideradas regularizadas,
sanadas, ou sem repercussão na classificação final do curso", explica-se nas
listas disponíveis em
www.desup.min-edu.pt. Por isso, as suas matrículas, condicionadas desde o
primeiro dia em que se inscreveram no ensino superior, já foram regularizadas.
Mas, com o processo de análise à beira do final, tudo leva a crer que ainda
serão muitos os alunos que terão de abandonar o curso que frequentam ou até a
universidade - o número pode chegar aos dois mil.
As más notícias para uns serão as boas notícias para outros. É que todas as
vagas que forem libertadas pela saída dos alunos irregulares serão repostas a
concurso. Isso mesmo determina um despacho conjunto dos ministros da Educação e
da Ciência do Ensino Superior, assinado em Setembro do ano passado. Os
candidatos não colocados em cada um desses cursos poderão assim ainda ter
hipótese de entrar na licenciatura à qual concorreram.
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