Diário de Notícias - 10 Mar 03

Saída precoce no secundário e aproveitamento

39% é a taxa mais baixa do País, em Sabrosa

A média de 63% no todo continental parece dar algum conforto numa futura análise ao aproveitamento dos alunos do Ensino Secundário. Com excepção de 11 concelhos, que concentram mais de 50% de chumbos, todos os outros têm nota positiva. Batalha (87,5%), Viana do Castelo (85,5%) e Nisa (84,6%) lideram a lista dos melhores. Mas os concelhos que se encontram nos grupos percentuais dos 70 e 60 e muitos são várias dezenas. Pela exiguidade, será de referir as regiões a necessitar de intervenção urgente por parte dos responsáveis educativos: Sabrosa apresenta apenas 39,3% de aproveitamento, Celorico da Beira (47,3%), Tabuaço (47,5%, Olhão (47,6%), Serpa (48,4%), Arraiolos (48,4%), Valongo (48,9%), Aguiar da Beira (49%), Mondim de Basto (49,1%), Cadaval (49,4%) e Aljustrel (49,6%). De realçar que as melhores escolas e/ou os melhores alunos se encontram no interior.

27% de 'chumbos' registados em Monforte

A média de 13% de reprovações no ensino básico (1.º, 2.º e 3.º ciclos) esconde realidades preocupantes, que só um olhar sobre o mapa de percentagens pode esclarecer. Enquanto Ansião sobe ao primeiro lugar do pódio dos concelhos com menos chumbos (6,9%) _ seguido de Figueiró dos Vinhos (7,4%) e de Cuba (7,4%) _ Monforte (26,9%), Murtosa (24,3%) e Ferreira do Alentejo (23,4) estão no topo da lista dos casos mais graves. Mas, mantendo o olhar sobre a distribuição dos concelhos mais e menos problemáticos, surgem as interrogações: porque é que a zona centro aparece quase como uma ilha de bons desempenhos escolares? O que se passa nas regiões norte e sul para que as reprovações subam em flecha? Só um estudo sociológico exaustivo poderá fazer emergir razões que o País desconhece.

9,5% dos alunos de Mondim de Basto sem 9.º

O abandono na escolaridade obrigatória por jovens até aos 15 anos destaca-se também no Norte, abrangendo, neste caso, três distritos: Vila Real, Viseu e Porto. A percentagem mais negra situa-se no concelho minhoto de Mondim de Basto, muito próxima da taxa verificada em Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, junto à fronteira. Curiosamente, este concelho encontra-se a meio da tabela no que diz respeito às saídas precoces. Os dados mostram que é junto à fronteira com Espanha que o abandono regista uma taxa zero, nomeadamente nos concelhos de Marvão e Arronches (os melhores), no distrito de Portalegre. Mais acima destaca-se Vila de Rei (0,5% de abandono), e, no Alentejo, o concelho de Castro Verde (0,6 %). Neste indicador referente ao 9.º ano, Oeiras desce já para o 17.º lugar.

74% dos jovens de Lousada não chegaram ao 12.º

A saída precoce dos estabelecimentos de ensino destaca-se na zona norte, delineando duas manchas principais, na zona do Tâmega e do Ave. Lousada é o concelho do pior exemplo, logo seguido pelos vizinhos que se situam na região do Tâmega, Ave, Cávado e Entre Douro e Vouga. Aliás, os distritos de Braga e Porto _ onde também, coincidentemente, a mão-de-obra é mais jovem _ são os líderes incontestados da saída precoce. Note-se, no entanto, que o concelho da cidade Invicta é, em contrapartida, o quinto com a menor incidência neste indicador (29.4 %). Oeiras e Coimbra são os concelhos que mais mantém os jovens na escola até à conclusão do 12.º ano. Entre as zonas melhor posicionadas, apenas um em cada quatro indivíduos abandona a escola sem completar o ensino secundário.

62% das instituições de Almeida têm poucos alunos

É nos concelhos de carácter iminentemente rural que surgem estas escolas, onde estuda uma meia dúzia de alunos. Estão concentrados em três regiões: o Baixo Alentejo, o Pinhal Interior e, principalmente, toda a zona noroeste de Portugal, incluindo a totalidade dos concelhos transmontanos e quase todos os da Beira Alta. A realidade explica-se com os argumentos da rarefacção demográfica, do envelhecimento progressivo das populações, das fracas acessibilidades. O que não se explica tão bem é a ligação entre estas escolas pouco povoadas e o abandono e insucesso, defendida pelo ministro da Educação. Afinal, embora existam algumas coincidências, apenas 50 % dos concelhos onde estas instituições estão mais disseminadas coincidem com as mesmas zonas onde o abandono do básico é maior. A outra metade tem sucesso.

Textos: Helena Mendonça e Licínio Lima
 

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