A
APFN
manifesta a sua enorme preocupação pela
infeliz política da
família que ressalta do
programa do XVII Governo agora divulgada e
posta em discussão, mais ainda pelo enorme
contraste com imensas medidas positivas
anunciadas.
A explicação para este facto pode ser
encontrada no capítulo da Educação, onde o
programa refere que vai "tirar
partido do abrandamento da pressão
demográfica" para melhorar a
qualidade dos serviços prestados nas
escolas!
Tirar partido do abrandamento
da pressão demográfica?
Num país, em que há mais de 30 anos
nascem menos crianças do necessário para
haver renovação de gerações, em que nos 10
últimos anos esse défice é de 50.000 por
ano, ou seja 139 por dia ou
6 por hora, só por piada se pode falar em
"abrandamento da pressão demográfica", em
vez de "enorme buraco demográfico"!!
Mais grave, ainda, falar-se em "tirar
partido"!
O país ainda bem se recorda da tragédia de
Entre-os-Rios, onde uma camioneta caiu ao
rio matando os seus ocupantes e deixando
tantas famílias enlutadas. Ora o apelidado
"abrandamento da pressão demográfica" é
equivalente a, por dia, caírem três
camionetas (cheias de passageiros) da ponte
Vasco da Gama para o Tejo. Obviamente,
contribuiria, também para o "abrandamento da
pressão demográfica", e o Governo poderia,
também, tirar partido disso para reduzir as
listas de espera nos hospitais e os
engarrafamentos de trânsito, entre outros...
A APFN apela a que o Governo tome medidas
para combater o Inverno demográfico
em que Portugal está há dezenas de
anos mergulhado, praticando uma
política de
família digna desse nome,
nomeadamente adoptando um discurso
conveniente (no mínimo, não desastroso) e
acabando de vez com as fortes penalizações
impostas aos casais com filhos, tanto mais
quanto maior o seu número. Portugal
não pode perder mais quatro anos neste
aspecto (como noutros).
A APFN saúda o anúncio dos exames
nacionais nos 4º e 6º anos de escolaridade,
a par com os já previstos no 9º ano,
apelando a que continuem a ser divulgados
publicamente os seus resultados, em
comparação com os obtidos na "avaliação
contínua", a fim de os pais serem informados
sobre quais as escolas que os
enganam e enganam o país, viciando
as notas atribuídas aos seus filhos ao longo
do ano.
No capítulo da Educação, ainda, saúda a
atenção dada aos manuais escolares,
solicitando que sejam criadas medidas para
se acabar com a exploração a que os
pais são sujeitos neste domínio, e
que passa, também, por uma
redução da frequência com que são
feitas reformas. Há que acabar, de
vez, em tratar os nossos filhos como meras
cobaias para experiências educativas.
Quem gosta de as fazer, faça-as com os seus
filhos e os filhos dos seus amigos - neste
caso, verá que, rapidamente, perderá os seus
amigos.
A par de outras medidas positivas previstas
no programa, a APFN realça o forte empenho
declarado pelo Governo no combate à
sinistralidade nas estradas,
impondo mesmo uma meta numa redução em 50%
no prazo de 4 anos, embora tal medida não
venha contribuir para o tal "abrandamento da
pressão demográfica".
Embora não
se congratule, a APFN compreende,
perfeitamente, que se terá que
aumentar a idade da reforma,
consequência directa do tal "abrandamento da
pressão demográfica", a par com o aumento da
longevidade. A APFN chama a atenção para
que, apesar das previsões serem muito más,
os estudos feitos pelo INE neste domínio
partem de pressupostos optimistas e
errados, como é bem visível nas
suas previsões demográficas para os próximos
50 anos publicadas nos últimos cinco anos,
pelo menos. Por esse motivo, a APFN renova o
apelo que tem feito, sem sucesso, aos
governos dos últimos anos, para que o INE
seja forçado a fazer previsões realistas, a
fim de que todos os portugueses, e o Governo
em particular, tenham uma visão
correcta das consequências do tal
"abrandamento da pressão demográfica", e o
enfrente, em vez de procurar "tirar
partido". |