Exmo(a) Senhor(a) Deputado(a)
No próximo dia 1 de
Janeiro, todo o mundo dará início à celebração do X
Aniversário do Ano Internacional da Família.
Infelizmente,
Portugal nada tem a celebrar, como resultado da desastrosa política
familiar praticada neste decénio, em linha com as dezenas
de anos anteriores:
-
O número
de casamentos teve uma quebra de 34%, tendo passado de
86,000 em 1994 para apenas 56,400 em 2002.
-
O número
anual de divórcios subiu de 12,500, em 1994, para 27,800,
em 2002, isto é, mais do que duplicou, fazendo
com que Portugal tenha atingido, num curtíssimo espaço de tempo, o
2º lugar na Europa em maior taxa de divorcialidade;
-
O número
anual de nascimentos manteve-se na ordem dos 110.000, num
défice anual de 50.000 nascimentos por ano, ou seja,
nestes 10 anos nasceram menos 500.000 crianças do que
seria necessário para manter a renovação de gerações.
A reduzida taxa de
natalidade tem provocado um crescente envelhecimento da população,
encerramento de escolas e ameaça, seriamente, a manutenção do
Sistema de Segurança Social.
Mas, pior ainda, a
crescente instabilidade familiar gerou, nestes 10 últimos anos, mais
de 370.000 órfãos de pais vivos, crianças e jovens
que nem sequer podem dizer boa-noite ao seu pai e à sua mãe!
E isto deve ser
motivo de séria preocupação de toda a sociedade portuguesa, uma vez
que é a causa principal do insucesso escolar e do crescente
e indisfarçável comportamento de risco infantil e juvenil.
Todos os estudos
internacionais mostram aquilo que toda a gente sabe, mas que, pelos
vistos, é politicamente incorrecto falar-se em Portugal:
a separação dos pais tem gravíssimas implicações no são
desenvolvimento das crianças, o que faz com que a incidência de
comportamentos desviantes e de risco aumente, em média, em 4 a 8
vezes!
Por outro lado, todos
os estudos internacionais mostram que, apesar do elevado número de
divórcios, a família baseada no casamento é a mais estável
e, como tal, que melhor garante o necessário equilíbrio emocional
para o saudável desenvolvimento das crianças. Com efeito, aquilo que
se designa por "união de facto" apresenta uma enorme
instabilidade: apenas 4% ultrapassam os dez anos de duração,
o que faz com que crianças nascidas de pais nessa situação
têm uma probabilidade de 96% de virem a engrossar o número de órfãos
de pais vivos.
A fiscalidade
portuguesa é o instrumento por excelência para orientar a população
num ou noutro sentido.
Essa fiscalidade tem
sido, indubitavelmente, causa primeira da preocupante situação das
famílias portuguesas, conforme é demonstrado no Caderno 6 da
APFN "Política Fiscal da Família" (
http://www.apfn.com.pt/Cadernos/caderno6a4.PDF) ,
lançado oficialmente no passado dia 13 de Novembro, numa realização
conjunta com a CNAF - Confederação Nacional das Associações de
Família.
Através do
IRS, o Estado tem penalizado o casamento, promovido o divórcio e
dissuadido a natalidade.
Está em discussão o
Orçamento Geral do Estado para 2004, que mantém o forte
cariz contra a estabilidade familiar.
A classe política,
com frequência, tem afirmado que questões da Vida e da
Família têm a ver com a consciência de cada um.
Por isso,
apelamos à consciência de V. Exa e pedimos que, no
seu íntimo, responda às seguintes questões:
1 - Por que motivo, se
dois estudantes decidem casar-se, a
dedução reduz-se para metade (art. 83)? V. Exa acha que o casamento
implica que pelo menos um terá que deixar de estudar? O que é que o
Estado tem a ver com isto?
2 - Se dois viúvos ou
solteiros, residentes num lar, decidem casar-se, a dedução reduz-se
a metade (art. 84). V. Exa acha que os residentes em lares não
se devem casar?
3 - Qualquer pessoa
que se casa vê a sua dedução forfetária reduzir, pelo que,
automaticamente, irá pagar mais IRS (art. 79). V. Exa acha que o
Estado deve dissuadir o casamento?
4 - O Estado acena
aos 4,470,000 de portugueses casados
com um bónus de dedução ao rendimento de cerca de 8,000 EUR por cada
filho no caso
de se divorciarem. V. Exa consegue explicar a estes 4,470,000 de
portugueses, assim como aos seus 3,500,000 filhos, porque é que está
tão interessado na dissolução das suas famílias?
5 - O IVA de artigos
de primeiríssima necessidade, como é o caso das fraldas, pasta de
dentes, bolachas, etc, foi aumentado de 17% para 19%. V. Exa
consegue explicar porque é que artigos de primeiríssima necessidade
para as crianças têm 19% de IVA,
onerando gravemente a vida de todos os pais, sobretudo de famílias
mais numerosas?
A APFN, ao longo dos
cerca de 5 anos de
existência, para além de alertar para a desastrosa política familiar
que Portugal tem vindo a seguir nas últimas dezenas de anos, tem
vindo a obter uma crescente adesão da sociedade civil às suas
propostas, bem visíveis na cada vez maior lista de facilidades para
os pais de famílias numerosas, a fim de, com menor dificuldade,
fazerem face à penalização a que são sujeitos pelo Estado.
Caso, em consciência,
não concorde que o Estado deva fomentar a instabilidade familiar e
penalizar os casais com filhos, tanto mais quanto maior o seu
número, e, como tal, não consiga justificar estas medidas fiscais
contra a família, pedimos que as altere, uma vez que está na
posição de o fazer. Foi para alterar leis injustas que V.
Exa foi eleito.
Pedimos que,
na altura de votar o orçamento, o faça em consciência, exactamente
do mesmo modo que as famílias portuguesas irão fazer nas eleições de
2004, 2005 e 2006.