Diário de Notícias
- 6 Nov 05
PCP quer subsídio de
maternidade
propostas. Partidos apresentam soluções
diferentes para a natalidade
O PCP quer criar um subsídio de
maternidade para quem não trabalha e desconta para a
segurança social e revalorizar o abono de família.
Exige, ainda, o pagamento do salário a 100 % para a
licença de parto de 150 dias. Os deputados do PSD e CDS/PP
apostam na valorização do trabalho doméstico e nas
deduções fiscais. O Bloco de Esquerda está centrado,
neste momento, nas questões da saúde sexual e
reprodutiva.
Aquelas são algumas preocupações dos partidos da
oposição com representação na Assembleia da República. O
PCP vai mesmo fazer uma proposta em breve, além de
pretender introduzir melhorias na política da família no
âmbito da discussão do Orçamento do Estado (OE), como
todos os outros. E os dois partidos que anteriormente
formaram Governo (PSD e CDS/PP) já apresentaram
projectos de lei no âmbito das políticas da família.
A criação de um subsídio de maternidade/paternidade para
quem não trabalha nem desconta para a Segurança Social
visa garantir um mínimo de dinheiro para suportar as
despesas com o nascimento de uma criança. Fernanda
Mateus, da Comissão Política do PCP, diz que este tipo
de apoio já existiu em Portugal, mas foi eliminado, e dá
o exemplo das mães adolescentes como sendo um dos grupos
mais necessitados.
Os abonos de família e os apoios estatais para
dependentes, sejam ascendentes ou descendentes, é outra
das prioridades dos comunistas. Mas Fernanda Mateus
ressalva que o mais importante é "encontrar meios que
assegurem o direito à opção livre e responsável da
maternidade", o que deve ser feito no âmbito da política
laboral. Para impedir, por exemplo, que as mulheres
sejam despedidas ou vejam o seu contrato sem renovação
quando estão grávidas. "A questão da flexibilidade, por
exemplo, teve como consequência o trabalho contínuo de
12 horas e a impossibilidade de cuidar dos filhos
durante um largo período de tempo", argumenta.
Os deputados do Bloco de Esquerda apresentarão
alterações no âmbito do OE, mas mais ao nível das
prestações sociais, até porque é isto que está em
discussão. A deputada bloquista Helena Pinto acrescenta,
no entanto, que as iniciativas imediatas são ao nível da
saúde sexual e reprodutiva.
Projectos de lei. Os representantes do CDS/PP e
do PSD também estão empenhados na discussão orçamental,
nomeadamente Teresa Caeiro e Ana Manso, respectivamente,
que se ocupam das questões da Segurança Social. Mas
estes partidos já apresentaram projectos de lei este
ano, o último dos quais dos sociais-demoratas.
A proposta do PSD, conhecida no mês passado, defende o
reconhecimento "do valor humano, social e económico do
trabalho doméstico, realizado pelos membros da família,
incumbindo ao Estado adoptar medidas tendentes à
harmonização do regime laboral com as responsabilidades
familiares e a valorização socioeconómica desse
trabalho". Propõem "um regime fiscal adequado à
protecção, manutenção e desenvolvimento integral da
família, tendo em conta as famílias mais numerosas.
A valorização do trabalho doméstico e os incentivos
fiscais são também duas das bandeiras dos centristas,
cujo projecto de lei foi apresentado em Junho, além de
proporem a criação de uma rede nacional de creches,
ensino pré-escolar e de infra-estruturas de apoio à
família. Ambos os partidos à direita do PS defendem o
apoio ao associativismo e ao voluntariado.
A questão da conciliação entre a vida familiar e a vida
profissional é uma das preocupações do Governo, presente
no seu programa, reconhecendo que os pais portugueses
são dos que trabalham mais horas por dia. A "expansão e
consolidação de uma rede nacional de apoios às famílias,
especialmente nas zonas de maior risco de exclusão
social ", Defende, também, a "utilização do 5.º mês de
licença de maternidade e paternidade em proporção com o
tempo partilhado entre os pais e as mães nos quatro
meses anteriores".
Mas o Governo ainda não concretizou as medidas. "A
política da família é transversal aos vários ministérios
e vamos estudar a situação ao nível do Conselho
Consultivo da Comissão para a Igualdade e para os
Direitos das Mulheres (CIDM). Só depois serão
apresentadas iniciativas", justificou ao DN a presidente
da CIDM, Elza Pais.