Diário de Notícias
- 6 Nov 05
Apenas 40 euros
separam um filho de cinco
100 compromissos para Uma Política da
Família, a cumprir entre 2004 e 2006, ficaram na gaveta com a ida de Durão
Barroso para a Comissão Europeia
dificuldades. Portugal não tem
incentivos especiais à natalidade
O aumento da
licença de maternidade de 120 para 150 dias foi a medida
mais recente, a nível das políticas de incentivo à
maternidade, ainda durante o Governo PSD-CDS/PP - mas mais
um mês corresponde a menos 20% do salário, o que suscita
críticas. O escalonamento do abono de família em função dos
rendimentos também não agrada, sobretudos a quem tem
famílias numerosas. A diferença entre ter um ou cinco filhos
pode representar apenas mais 40 euros ao fim do mês.
Aquelas medidas foram introduzidas por Bagão Félix, ministro
do Trabalho e da Segurança Social de Durão Barroso, e
desconhece-se o que o Governo socialista pensa fazer sobre
esta matéria. O actual presidente da Comissão Europeia ainda
apresentou um pacote de propostas, em Março de 2004,
intitulado "100 Compromissos para Uma Política da Família",
que deveriam ser cumpridos até 2006. Mas os ministros
mudaram e a maioria das propostas ficaram na gaveta.
As principais reivindicações de alguns partidos e dos
representantes das famílias passam, no mínimo, pela
atribuição de um salário a 100% nos cinco meses de licença
de parto, pelo aumento significativo dos abonos e criação de
incentivos à natalidade. É que estes têm vindo a ser
suprimidos, como aconteceu com o subsídio de nascimento, que
acabou quando foi alterada a fórmula de atribuição do abono
familiar.
O abono de família é determinado em função dos rendimentos,
não sendo atribuído aos agregados familiares com um
rendimento superior a 1875 euros mensais. Este valoriza os
primeiros 12 meses de idade da criança (entre 30 e 120 euros)
e está distribuído por cinco escalões. O primeiro, de 120
euros mensais, durante o primeiro ano de idade do bebé; os
30 euros nos seguintes são para os orçamentos familiares
inferiores a 188 euros. O último, de 30 euros, até aos 12
meses e dez nos seguintes, para quem receba menos de 1875
euros mensais. E não existem apoios para a educação, a
guarda de crianças ou famílias monoparentais, ao contrário
do que acontece em muitos outros países, o que pode ser
comprovado pelos exemplos que o DN dá nórdicos, Europa de
Leste e vizinhos do Sul, que têm muitos emigrantes.
Mas a socióloga Maria das Dores Guerreiro sublinha que os
apoios financeiros são insuficientes para promover um
aumento de natalidade. "São precisas estruturas de apoio à
vida familiar, de qualidade e acessíveis, e medidas que não
discriminem as mulheres. É preciso fazer com que ambos os
pais tenham tempo para estar com os seus filhos".
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